A brasileira vítima de estupro coletivo na Índia e seu marido receberam ontem um cheque no valor de 1 milhão de rúpias (cerca de R$ 60 mil) como indenização. O casal Fernanda e Vicente, que mantém um canal virtual de viagens pelo mundo, relatou ter sido atacado por um grupo de sete homens. Um quarto suspeito foi preso, segundo informaram as autoridades nesta segunda. "Estamos realizando investigação exaustiva e tentaremos garantir um julgamento rápido e uma condenação", disse Anjaneyulu Dodde, comissário adjunto do distrito de Dumka, no Estado de Jharkhand.
PRISÃO DE SUSPEITOS
Uma gravação da voz de um dos agressores capturada pela mulher permitiu que a polícia encontrasse em poucas horas o suspeito, que confessou tudo e levou à prisão de outros dois envolvidos, que também confessaram sua participação, disseram fontes da investigação à agência EFE. Nenhuma das pessoas presas tem antecedentes criminais, acrescentaram as autoridades. A polícia indiana informou no domingo que havia identificado todos os envolvidos no ataque.
A entrega da indenização teve lugar na casa de segurança do governo para onde os dois viajantes foram transferidos na noite de sábado. Fernanda e Vicente, que viajavam pelo país de moto, haviam montado uma tenda perto de uma estação policial do distrito de Dumka, para passar a noite da sexta-feira, quando o grupo de homens os atacou por volta da meia-noite. Vicente disse ter sido ameaçado com uma faca e recebido golpes fortes com um capacete.
PUNIÇÃO
A denúncia foi reportada no sábado, logo após o ocorrido. Mas como os agentes só sabiam falar hindi, língua local, as autoridades souberam que era um estupro só quando ambos chegaram ao hospital. Ambos depuseram neste domingo, em um tribunal local como passo inicial para que a Corte ratifique as prisões e se formalizem as acusações criminais.
A lei estabelece penas severas para estupro, que na maioria dos casos não permitem fiança. Um estupro, de acordo com o código penal indiano, deve ser punido com no mínimo 10 anos de prisão, e um estupro coletivo com até prisão perpétua. Em 2022, a Índia teve uma média de 90 estupros diários, segundo o escritório de registros criminais. No entanto, muitos desses ataques não são denunciados, por causa do estigma que as vítimas costumam sofrer e também da falta de confiança no trabalho da polícia. Grande parte dos casos também fica parada na Justiça e não tem condenação.
SAÍDA DA ÍNDIA
Os dois viajantes, conhecidos pelo perfil @vueltaalmundoenmoto, pretendem deixar a Índia e viajar para o Nepal, de onde voarão para a Espanha. Em vídeo anteontem, no canal de viagens do casal, Vicente agradeceu o apoio recebido e também disse acreditar no trabalho da polícia. Ambos também citam que o crime não pode ser associado à Índia, que oferece experiências incríveis para quem a visita.