O presidente americano, Joe Biden, informará ao Congresso, nesta quinta-feira (7), que ordenou ao Exército dos Estados Unidos estabelecer um porto em Gaza para fazer chegar mais ajuda humanitária ao sitiado território palestino, informaram altos funcionários do governo.
"Esta noite, o presidente anunciará, em seu discurso sobre o estado da União, que ordenou ao exército americano que empreenda uma missão de emergência para estabelecer um porto em Gaza", disse um dos funcionários à imprensa.
CAIS TEMPORÁRIO
"Este porto, cuja principal característica é um cais temporário, proporcionará capacidade para centenas de caminhões adicionais de ajuda por dia", acrescentou o funcionário, sob a condição de anonimato.
O anúncio não implica a presença de tropas americanas na Faixa, submetida a bombardeios incessantes de Israel desde o ataque de 7 de outubro do grupo islamista Hamas, pois o pessoal militar permanecerá em alto-mar enquanto outros aliados participam, segundo os funcionários.
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO
As autoridades americanas disseram que a medida "levará várias semanas para ser planejada e executada", e envolveria um corredor marítimo para levar ajuda por mar a partir da ilha de Chipre, no Mediterrâneo.
Os funcionários tomaram o cuidado de ressaltar que tropas americanas não se deslocarão em Gaza. "A previsão é que seja uma operação que não exigirá tropas no terreno", afirmaram.
A quantidade de ajuda que chega a Gaza por terra através de caminhões vem diminuindo ao longo dos cinco meses de guerra, e os cidadãos do território palestino sofrem com uma grave escassez de alimentos, água e medicamentos.
Um dos funcionários alertou que "para abordar realmente as necessidades urgentes da população civil de Gaza e permitir que os parceiros humanitários distribuam com segurança a ajuda vital [...], é essencial que tenhamos um cessar-fogo temporário".
COOPERAÇÃO DE ISRAEL
Israel foi informado da decisão e os Estados Unidos e trabalham com suas autoridades nos requisitos de segurança, ao mesmo tempo em que vão se coordenar com "parceiros e aliados", além de organizações da ONU e de ajuda, acrescentaram.
O anúncio, que será feito durante o discurso do estado da União, ressalta a intensa pressão política a que Biden está submetido por seu firme apoio a Israel, apesar do número crescente de mortos em Gaza e da crise humanitária.
A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, após o ataque sem precedentes do grupo islamista palestino em solo israelense, no qual morreram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo contagem com base em dados oficiais israelenses.
Israel lançou uma resposta militar, que já deixou 30.800 mortos, sobretudo mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.