O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que vai ordenar uma resposta aos bombardeios ucranianos e atribuiu-lhes à vontade de Kiev de causar transtornos às eleições russas iniciadas nesta sexta-feira (15), nas quais a sua vitória é dada como certa.
Pelo menos 13 pessoas foram presas por ações de vandalismo em locais de votação, informaram autoridades, sem detalhar a motivação dos autores.
VIGILÂNCIA CONTRA A UCRÂNIA
Putin afirmou que os ataques ucranianos com drones se multiplicaram nos últimos dias e que "não ficarão impunes".
O Exército russo garantiu que desde 12 de março repeliu, em alguns casos com artilharia e aviões, inúmeras incursões de milicianos procedentes da Ucrânia.
Pra o presidente, estes ataques configuram "uma tentativa de interferir nas eleições presidenciais".
Na grande cidade portuária de Odessa, na Ucrânia, pelo menos 20 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas nesta sexta-feira, em um dos piores bombardeios russos contra esta localidade às margens do Mar Negro que já foi atacada diversas vezes nos últimos dias.
MAIOR MANDATO DA HISTÓRIA DA RÚSSIA
A eleição, que se estende até domingo (17), deve garantir Putin, de 71 anos, no comando deste país de 145 milhões de pessoas até 2030.
Caso isto se confirme, ele se tornará o governante com maior mandato na Rússia desde Catarina, a Grande, que reinou por 34 anos no final do século XVIII.
Os seus adversários são três candidatos que não se opuseram à ofensiva contra a Ucrânia ou à repressão que dizimou a dissidência; um candidato um pouco mais crítico foi impugnado pela comissão eleitoral.
Uma pesquisa estatal no início da semana previu que Putin deve obter mais de 80% dos votos.
Seu maior adversário político, Alexei Navalny, morreu no mês passado em uma prisão no Ártico. Sua viúva, Yulia Navalnaya, apelou aos eleitores para que se reunissem diante dos locais de votação ao meio-dia de domingo, como forma de protesto.
O Ministério Público de Moscou alertou que puniria os envolvidos na "organização e participação de eventos em massa".
PANO DE FUNDO UCRANIANO
Segundo analistas, Putin busca transformar os comícios em uma demonstração de apoio à sua ofensiva na Ucrânia, que teve início em fevereiro de 2022.
A votação também ocorre nos territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia e na Transnístria, um território separatista pró-Rússia localizado na Moldávia.
Na região ucraniana de Donestk, controlada por Moscou, soldados armados acompanharam funcionários eleitorais enquanto instalavam urnas em pequenas mesas na rua ou sobre os capôs dos veículos.
Tanto a Ucrânia como os governos das potências ocidentais descreveram as eleições como uma "farsa". O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, felicitou sarcasticamente Putin pela sua "vitória esmagadora" nesta sexta-feira.
O secretário geral da ONU, António Guterres, expressou sua "condenação" pela comemoração das eleições nos territórios ucranianos "ocupados" por Moscou, disse o seu porta-voz.
O conflito na Ucrânia aumentou as tensões entre a Rússia e as potências ocidentais.
França, Alemanha e Polônia permanecem "unidas" na sua "determinação" de impedir uma vitória russa na guerra contra a Ucrânia, declarou nesta sexta-feira em Berlim o presidente francês, Emmanuel Macron, ao lado dos chefes de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, e da Polônia, Donald Tusk.
INCIDENTES NO PERÍODO ELEITORAL
O processo eleitoral não está isento de incidentes.
Uma mulher foi detida em Moscou por atear fogo a uma cabine de votação, segundo a imprensa russa e outra, na casa dos 20 anos, lançou um coquetel molotov contra uma local de votação em São Petersburgo, informou um responsável da autoridade eleitoral na cidade.
Também na localidade siberiana de Khanty-Mansiysk, uma pessoa foi detida por tentar lançar fogo a uma urna e outra foi presa na região de Chelyabinsk pela tentativa de atirar um foguete.
Em Moscou, algumas pessoas aguardavam pela manhã para serem os primeiros a votar.
"É importante votar no futuro da Rússia", disse Liudmila, uma simpatizante de Putin, de 70 anos, garantindo que espera "acima de tudo a vitória [na Ucrânia]".
Natan, de 72 anos e também apoiador do atual presidente, afirmou esperar que o governo aumente os números do "emprego" e do trabalho "para que não haja guerra, mas sim estabilidade no país".
Valentina, de 75 anos, também garantiu que "atualmente não há alternativa a Putin".