O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu na sexta-feira, 5, aos líderes do Egito e do Catar, que pressionassem o grupo terrorista Hamas para um acordo que permita a libertação dos reféns israelenses, de acordo com informações fornecidas por um funcionário do governo americano à Associated Press, um dia depois de Biden ter telefonado ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para redobrar os esforços para alcançar um cessar-fogo na guerra de seis meses em Gaza.
O funcionário, que falou sob condição de anonimato, disse que o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, se reunirá na segunda-feira, 8, com familiares de alguns dos estimados 100 reféns que ainda estão na Faixa de Gaza.
Biden enviou cartas ao presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, e ao emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad Al Thani, em meio às negociações para a libertação dos reféns que devem ocorrer neste final de semana no Cairo. O democrata despachou o diretor da CIA, William Burns, à capital do Egito para participar das conversas.
Espera-se que David Barnea, chefe do Mossad, a agência de espionagem de Israel, e negociadores do Egito e do Catar compareçam. O lado do Hamas nas negociações é indireto, com propostas transmitidas por meio de terceiros aos líderes do Hamas abrigados em túneis sob Gaza.
Funcionários da Casa Branca dizem que negociar uma pausa nos combates entre Israel e o Hamas para facilitar a troca de reféns detidos em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel é a única maneira de pôr em vigor um cessar-fogo temporário e aumentar o fluxo de ajuda humanitária no enclave palestino.
Biden, na sua conversa com Netanyahu, "deixou claro que tudo deve ser feito para garantir a libertação dos reféns, incluindo cidadãos americanos", e discutiu "a importância de capacitar totalmente os negociadores israelitas para chegarem a um acordo", segundo o responsável. A primeira fase do acordo proposto garantiria a libertação de mulheres e idosos, reféns doentes e feridos.
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse na sexta-feira que Biden ressaltou a necessidade de fechar um acordo de reféns durante a conversa de quinta-feira com Netanyahu, que se concentrou principalmente nos ataques aéreos israelenses que mataram sete trabalhadores humanitários da World Central Kitchen.
"Estamos chegando a seis meses - seis meses em que essas pessoas foram mantidas como reféns. E o que temos de considerar são as condições repugnantes em que os reféns estão detidos", disse Kirby. "Eles precisam estar em casa com suas famílias."
A Casa Branca disse em um comunicado na quinta-feira, após a conversa entre Biden e Netanyahu, que o presidente dos EUA disse que alcançar um "cessar-fogo imediato" em troca de reféns era "essencial" e instou Israel a chegar a tal acordo "sem demora".
PRESIDENTE DOS EUA FRUSTRADO COM ISRAEL
Funcionários da Casa Branca reconhecem que Biden está cada vez mais frustrado com as ações de Israel durante a guerra, que começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 240. Tel-Aviv iniciou uma operação militar após o ataque, que deixou mais de 33 mil palestinos mortos em Gaza, segundo o ministério da Saúde do enclave palestino, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.
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A Casa Branca manteve o seu apoio a Israel em meio às criticas da comunidade internacional com o prosseguimento da guerra por Israel, e disse repetidamente que um cessar-fogo temporário já poderia ter ocorrido se o Hamas tivesse concordado em libertar os doentes, os feridos, os idosos e mulheres jovens.
Mas a pressão sobre Biden só aumentou desde os ataques aéreos desta semana que mataram os trabalhadores da World Central Kitchen.
O governo israelense reconheceu "erros" e anunciou algumas medidas disciplinares contra os agentes envolvidos na ordenação dos ataques. Israel também aprovou uma série de medidas destinadas a aumentar o fluxo de ajuda humanitária para Gaza, incluindo a reabertura de uma passagem importante que foi destruída no ataque do Hamas em 7 de Outubro.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse na sexta-feira que a morte dos trabalhadores humanitários é parte de um problema mais amplo de como os militares israelenses estão conduzindo a guerra. Quase 200 trabalhadores de ajuda humanitária foram mortos desde o início do conflito.
"O problema essencial não é quem cometeu os erros, é a estratégia militar e os procedimentos em vigor que permitem que esses erros se multipliquem continuamente", disse ele. "Corrigir essas falhas requer investigações independentes e mudanças significativas e mensuráveis no terreno."