Temor de conflito regional aumenta no Oriente Médio

Estados Unidos e Reino Unido instaram no sábado seus respectivos cidadãos presentes no Líbano a deixarem o país o mais rápido possível

Publicado em 03/08/2024 às 17:53 | Atualizado em 03/08/2024 às 18:15

Os Estados Unidos reforçaram a presença militar no Oriente Médio e recomendaram que os cidadãos americanos deixem o Líbano, diante dos temores de uma guerra total entre Israel e o movimento libanês pró-iraniano Hezbollah, em uma região já tensionada pelos quase dez meses de conflito na Faixa de Gaza.

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos revelou na sexta-feira (2) que havia ordenado "ajustes" para "melhorar a proteção" de suas forças e "aumentar o apoio à defesa de Israel", devido à "possibilidade de uma escalada regional por parte do Irã e seus parceiros".

O reforço inclui o envio de mais navios de guerra equipados com mísseis balísticos de defesa e um esquadrão adicional de aviões de combate.

Estados Unidos e Reino Unido instaram no sábado seus respectivos cidadãos presentes no Líbano a deixarem o país o mais rápido possível.

"Encorajamos aqueles que desejam sair do Líbano a reservar qualquer bilhete disponível, mesmo que o voo não saia imediatamente ou não siga a rota de sua primeira escolha", informou a embaixada dos EUA em Beirute.

"As tensões estão elevadas e a situação pode se deteriorar rapidamente", alertou por sua vez o chanceler britânico, David Lammy, acrescentando: "Minha mensagem para os cidadãos britânicos lá é clara: saiam já".

A tensão regional se agravou com a morte na terça-feira, em um bombardeio israelense em um subúrbio de Beirute, de um alto dirigente do Hezbollah, e o assassinato no dia seguinte em Teerã do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque atribuído a Israel.

Haniyeh foi enterrado na sexta-feira em um cemitério perto de Doha, no Catar, onde vivia exilado, após um cortejo fúnebre que reuniu multidões.

AMEAÇA

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou Israel com um "severo castigo" e o chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, falou de uma "resposta inevitável".

A representação do Irã na ONU disse esperar que o Hezbollah ataque em "profundidade" o território israelense e que não se limite a alvos militares.

As cidades de Tel Aviv e Haifa "estão entre os alvos", escreveu o jornal ultraconservador iraniano Kayhan, que prevê "dolorosas perdas humanas".

Israel e o Hezbollah libanês, aliado do Hamas, têm protagonizado confrontos quase que diários de artilharia desde o início da guerra em Gaza.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou na quinta-feira que Israel "está em um alto nível de preparação para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo".

BOMBARDEIO

A Defesa Civil da Faixa de Gaza informou que um bombardeio israelense matou pelo menos 10 pessoas neste sábado em um complexo escolar da Cidade de Gaza.

"Há dez mártires e vários feridos devido ao bombardeio israelense contra a escola de Hamama", declarou à AFP o porta-voz da Defesa Civil do território palestino, Mahmud Basal, afirmando que o complexo abrigava deslocados pela guerra.

O Exército israelense confirmou o ataque e informou que foi direcionado contra "terroristas que operavam em um centro de comando e controle do Hamas" instalado no local.

A guerra teve início em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.197 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, de acordo com um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Israel estima que 111 pessoas ainda estejam em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou 39.550 pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.


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