O PISF e a transposição do conhecimento: do Cais ao Sertão
A relevância da luta por uma política de interiorização da Rede Federal de Ensino Superior, amplia a perspectiva para a região contemplada com o PISF

Por Antônio Jorge de Siqueira, Edvânia Torres Aguiar Gomes e Maria do Carmo Martins Sobral
As universidades historicamente contribuem para o dinamismo do pensamento e das ações humanas, oferecendo recursos à sociedade e ao espaço onde elas se inserem através do conhecimento científico e das tecnologias. No seu tripé pesquisa, ensino e extensão, atuam como forças dinâmicas estratégicas nos territórios onde se localizam.
Nesta perspectiva se insere a atual política de interiorização da UFPE, com a criação do Centro Acadêmico do Sertão (CAS), consolidando as ações iniciadas pelo Núcleo de Extensão do Moxotó, Ipanema e Pajeú (NEMIP/UFPE) e pelo coletivo da sociedade civil, principalmente dos professores que atuam na UFPE, particularmente os que atuam em Sertânia/PE.
A relevância dessa luta por uma política de interiorização da Rede Federal de Ensino Superior no Sertão, amplia as perspectivas para essa região contemplada com o Projeto de Integração do Rio São Francisco – PISF.
A chegada das águas da transposição traz consigo imensas demandas de estudos e pesquisas nas diferentes áreas de conhecimento que, articuladas técnica e cientificamente, garantem o desenvolvimento em bases sustentáveis da sociedade inserida nesse importante bioma da Caatinga de nosso semiárido nordestino. Com a transposição das águas, temos as condições ideais para integrar os municípios pobres e carentes na conquista das demandas sociais a serem atendidas por políticas públicas no governo federal do atual presidente Lula.
Tudo isso reforça a importância da universidade que, como afirmamos, onde ela chega, traz consigo ciência, tecnologia e inovação. As microrregiões do Sertão do Moxotó, Ipanema e Pajeú poderão espelhar um novo marco no âmbito da energia limpa, do desenvolvimento de sistemas, das tecnologias e dos perímetros irrigados, agora contando com o apoio e o protagonismo do conhecimento da UFPE, que tem compromissos com o sertão pernambucano.
Assim, com a criação de um novo Centro Acadêmico do Sertão (CAS/UFPE), na sua política de interiorização, instituições como a UFPE deverão contribuir para a fixação da população na região, sobretudo na área rural sujeita, de longa data, a um processo contínuo de migração; seja para outras regiões do País, seja para outros pontos do Nordeste, onde a escassez de água não é tão intensa.
O Centro Acadêmico do Sertão, portanto, contribuirá com ensino, pesquisa e extensão que permitirão aos jovens da região sertaneja a expansão de novos horizontes, contribuindo para o fortalecimento de uma cidadania solidária, crítica e reflexiva.
O aprimoramento da formação continuada dos atuais professores do ensino fundamental da região, em especial nas áreas de humanidades, conjugada com os processos formativos nas demandas de saúde e engenharias darão início a um novo “esperançar dentro desse inédito-viável” que, segundo Paulo Freire, é o que dá sentido a uma instituição de ensino superior, seja ele privado, público, federal, estadual ou municipal.
Algo tão sonhado nessa região do sertão do Nordeste brasileiro. Assim, acreditamos que a UFPE segue na sua missão em prol do desenvolvimento sustentável da região, oferecendo ciência, tecnologia e inovação especialmente agora com a abundância e fertilidade das águas da transposição do Velho Chico.
Antônio Jorge de Siqueira* Professor Emérito da Universidade Federal de Pernambuco, membro da Academia Pernambucana de Ciências (APC).
Edvânia Torres Aguiar Gomes** Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco, membro da Academia Pernambucana de Ciências (APC).
Maria do Carmo Martins Sobral *** Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco, membro da Academia Pernambucana de Ciências (APC).