Seja no mundo corporativo ou da política, uma comunicação inteligente é cada vez mais importante para um bom desempenho. Partindo da velha máxima de que "quem não é visto, não é lembrado", o marketing se impõe como condição fundamental para atração de consumidores e eleitores. Contudo, no mercado político, adjetivos como "marketeiro", "midiático" e "blogueirinho" pairam sobre algumas figuras públicas que se aventuram na comunicação contemporânea - menos formal, mais direta e em tempo real.
Nesse sentido, o que faz com que alguns recebam rótulos negativos e outros caiam na graça do público? Ao que parece, a correspondência entre discurso e entrega. Vamos avaliar um caso próximo: João Campos (PSB), prefeito do Recife, parece um bom exemplo. Um dos herdeiros de Eduardo Campos e principal nome do PSB em Pernambuco, lidera todos os possíveis cenários eleitorais para a disputa municipal de 2024 e tem aprovação da sua gestão que ultrapassa 70% - segundo pesquisas recentes, do Ipespe e DataTrends.
Além disso, entre os prefeitos das capitais dos 26 estados brasileiros, João aparece na 2ª colocação no chamado índice de popularidade digital (IDP), feito a partir de mais de 170 variáveis coletadas nas principais plataformas digitais e elaborado pela Quaest.
Assim, não é difícil avaliar que parcela significativa dos recifenses tem julgado como positiva sua atuação tanto 'on' como offline. A forma descontraída como aparece em vídeos curtos fazendo entregas e dialogando com a população, em paralelo ao ritmo intenso de obras alavancado pela captação de recursos federais e até mesmo internacionais, parece a fórmula perfeita para atingir o melhor dos dois mundos no marketing: informar e atrair positivamente a atenção.
Nos últimos dias, o jornal Folha de São Paulo publicou a notícia de que a Prefeitura do Recife turbinou a comunicação com uma verba suplementar; que, segundo a gestão, não infringe o limite legal previsto para a área. Desconsiderando o mérito financeiro e político, o fato é que de nada vale investir pesado em publicidade se o produto não cumpre o que promete, gerando o estigma de propaganda enganosa ou sem compromisso com a verdade. Do mesmo modo, um bom produto não atinge todo seu potencial com um marketing ruim, podendo não capitalizar a visibilidade que merece ou deixar os seus benefícios caírem no esquecimento.
A realidade, portanto, é imperativa para uma boa comunicação. Como bem disse Philip Kotler, a melhor propaganda é feita por clientes satisfeitos. E os critérios de satisfação parecem ser simples, mas difíceis de aplicar. É preciso alinhar expectativas e, antes de tudo, ouvir o consumidor/eleitor. Para mudar o que está ruim, ajustar o que está inadequado e expandir o que tem dado certo.
Ighor Branco, Cientista Político