O dia que Capiba ficou no Sambódromo até as 8h

Encantado com o que vi na televisão, fui assistir ao desfile, inicialmente por conta própria. Lembro que comprei o ingresso para frisa numa loja em Copacabana, fui e voltei do hotel de táxi, sem problema. Depois estive como convidado no camarote da revista "Rio, Samba e Carnaval", que circula até hoje. Era um esquema bem melhor, com espaço amplo por onde circulavam os convidados, muitos nomes conhecidos.

O desfile do carnaval carioca teve durante muitos anos o Camarote Nº 1, promovido pela Brahma, o mais famoso da avenida. Fui o primeiro convidado de Pernambuco para o espaço, graças aos dirigentes da empresa, que tinha fábrica no Cabo de Santo Agostinho. Foi, digamos, uma experiência mágica. Fiquei, com os outros convidados no Rio Palace. Depois encontro no "Porcão", restaurante na Praia do Flamengo, de onde saiam vans até o interior da fábrica da Brahma, que ficava exatamente no início da Sapucai. Era obrigado a usar uma camisa especial, de boa qualidade, devidamente customizadas, com itens de luxo pelos participantes. A área era enorme, em dois andares. Claro que a cerveja era a bebida principal, mas também eram servidas outras bebidas, como uísque, rum. E tinha um imenso e sofisticado sofisticado buffet. O local mais disputado era a arquibancada, de onde se podia ver, de perto, a passagem das escolas. Sempre algo fantástico.

No início, ia para o desfile dos sábados. Depois, a Brahma decidiu levar outros convidados do Recife, então para a segunda-feira do desfile oficial. Na época os jornais não circulavam nos dias de carnaval, facilitando a ida. Lembro de ter participado ido com os governadores Gustavo Krause e Jarbas Vasconcelos e o secretário Cadoca Pereira. No entanto, o desfile que mais me marcou foi o que fui com Lourenço da Fonseca Barbosa, o nosso Capiba. Já um nome famoso nacionalmente, foi muito festejado. Normalmente eu ficava no camarote até a passagem de três ou quatro escolas, saia em torno de 2h da madrugada. Com Capiba foi diferente. Ele fez questão de acompanhar a passagem de todas as escolas. Resultado: sai do Sambódromo, morto de sono, às oito da manhã. Foram 12 carnavais no camarote que acabou. O nome continua, mas não pertence mais à cervejaria.

Certo dia, conversando com meu amigo Mote Stambosky, que tinha a "Moturismo", famosa agência de viagens do Recife, falei da beleza do espetáculo. Ele decidiu, criar um grupo para ver o espetáculo. Já no primeiro, levou 50 pessoas. Nas outras quatro edições, chegou a terr 200 pessoas. Grupo saia na noite da sexta-feira, ficava no hotel, tinha transfers para o Sambódromo e ficava numa frisa, juntinho da passarela. Estive em todas as edições, ao lado de muitos nomes conhecidos. Alguns, indo todos os anos.

Voltei ao Sambódromo outras vezes. Numa delas, no camarote da "Devassa", convidado pela empresária Bruna Hazin, quando fiquei numa mesa com Ancelmo Gois, famoso cronista carioca, que é sergipano.. Outra no camarote da Prefeitura do Rio. E duas vezes, acompanhando os desfiles de escolas que prestaram homenagem a pernambucanos. Com o prefeito João Paulo e o secretário Samuel Oliveira, em 2008 no desfile "100 Anos do Frevo, é de Perder o Sapato. Recife Mandou Me Chamar" da Mangueira, que não foi feliz, quase era rebaixada. E em 2012, com o governador Eduardo Campos e o secretário Alberto Feitosa, no desfile campeão da Unidos da Tijuca "O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz Gonzaga."

Depois de tantas vezes no Sambódromo, vale a pergunta: "Por qual escola eu torcia? Desde que vi os deslumbrantes desfiles de Joaozinho Trinta, tornei-me torcedor da "Beija Flor de Nilópolis."

João Alberto Martins Sobral, jornalista e colunista social do JC