Luciano do Valle sonhou com a Fórmula Indy no Recife
Na época já existia o Autódromo Ayrton Senna em Caruaru, mas que não se prestava para a prova.

O Recife teve um projeto real, para receber uma prova da Fórmula Indy, a segunda competição mais importante do automobilismo mundial, Foi em 2008, tendo gerado notícia por mais de um ano. Foi uma ideia de Luciano do Valle, que transmitia as corridas da Fórmula Indy pela TV Bandeirantes e morava em Porto de Galinhas. Ele que teve várias reuniões com os organizadores e anunciou a possibilidade na transmissão das 500 Milhas de Indianápolis Na época já existia o Autódromo Ayrton Senna em Caruaru, mas que não se prestava para a prova. O projeto era ousado: seria uma corrida de rua, em Boa Viagem. Ele revelou localmente o projeto em duas entrevistas que me concedeu na televisão e me convidou para ir assistir uma prova em Miami, na cabine em que fez a transmissão da corrida. Uma emoção que recordo com carinho.
Com o apoio da emissora detentora dos direitos de transmissão e de empresários, ele queria uma corrida no Brasil. No Nordeste. No Recife. Era uma ousadia, pois 16 das 17 provas da fórmula Indy, 16 eram nos Estados Unidos. Fora, apenas uma no Japão, graças à força que a Honda tinha na competição.
A prova usaria duas das principais avenidas da cidade, a Boa Viagem e a Domingos Ferreira, com um pequeno trecho de ligação pela Conselheiro Aguiar, um roteiro de três mil metros, o que exigira nada menos de 92 de voltas e oito curvas A reta principal seria na Avenida Boa Viagem, no trecho entre o terceiro jardim e o Polo Pina. Para se ter uma ideia da ousadia, os carros da Fórmula Indy chegam a 340 km/h, numa via tem tem como velocidade máxima 60km/h
Os boxes seriam armados no calçadão, com extensão até a praia. Seriam construídas arquibancadas provisórias para receber, segundo os organizadores, até 10 mil pessoas. O centro de imprensa ficaria no JCPM Trade Center e o centro de controle da prova no prédio do antigo Cassino Americano.
Em janeiro de 2008, Luciano do Valle trouxe ao Recife Tony George, ex-piloto e fundador da Indy Racing League, a organizadora da Fórmula Indy. Ele teve reuniões com o governador Eduardo Campos e o prefeito do Recife, João Paulo. O projeto exigiria o investimento de US$ 15 milhões (R$ 75 milhões ao preço de hoje) para adaptar o cenário urbano a uma competição de automobilismo de alto nível. Para ficar dentro do organograma da Fórmula Indy, seria realizada em setembro, a penúltima prova do campeonato, antecedendo a da Austrália.
Como comentou o companheiro, Cássio Zirpolli, a possibilidade voltou a ser comentada na tevê, ao vivo, durante a primeira prova do ano, em Miami. Logo depois, em abril, surgiu a informação de que o acordo seria de quatro anos, já com o suporte do Ministério do Esporte. Entretanto, veio o primeiro baque, pois o calendário da Indy não foi ampliado, por decisão das montadoras, com o projeto passando a vislumbrar o calendário de 2009. Este seria divulgado em 30 de julho. Portanto, foram três meses de expectativa, potencializada pelo esforço (e entusiasmo) do próprio Luciano. A América do Sul só entraria no roteiro da Fórmula Indy em 2010, com uma prova em São Paulo.
Pelo projeto, os pilotos ficariam hospedados em resorts de luxo em Porto de Galinhas e as equipes em hotéis de Boa Viagem. Com transmissão pela TV para o mundo inteiro, seria uma notável divulgação para nossa cidade, atraindo pessoas de todo o Brasil e do exterior. Tudo, no entanto, não passou dos entendimentos iniciais, um sonho de Luciano do Vale, o mais pernambucano dos paulistas, que foi apenas um grandioso sonho.
João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1