A vida em ampulhetas

De resto, tudo é pedagógico, ensina. Podemos sim, no balanço final, estarmos melhores que no início da jornada......Assim seguimos...

Publicado em 20/08/2024 às 0:00 | Atualizado em 20/08/2024 às 12:10

O poeta Manuel Bandeira escreveu um soneto em que fala do filho que não teve. Dizia; "não ter sido de jeito, trazendo no peito o filho que não nasceu," e arrematava "Darei de bom grado a vida, na luta em que não lutei!"

Sou devoto de sua bandeira, Manuel. Curioso que também não me foi de jeito, mas carrego filhos não biológicos que a vida me ofereceu. E não é difícil identificá-los na trilha do caminho, nos becos e encruzilhadas do destino, na generosidade do tempo vivido.

São paternidades compartilhadas com os portadores da gênese química que concebe a vida. Almas em busca de mais luz. Sim, a existência é uma refração iluminada pela oportunidade que nega passividade, e se renova a cada dia e momento vivido.

Essas letras cadenciadas tem uma pretensão de ensaio e convite, aos que podem se perceber em barcos de velas içadas, para dizer que podemos muito, pois a natureza se move pelos ventos. Basta estarmos atentos ao sopro.

O acolhimento que recebemos (não ao acaso) é chamado, aviso, e condão, para retribuímos, isso esta a mercê de nossa sensibilidade, vontade e determinação. Esse é um dos sentidos da natureza, semente e legado, que poderemos deixar plantados para tempos futuros, como brotos de esperança arremessados além do nosso estreito intervalo de vida.

Assim, seguimos, com gratidão aos companheiros de partilha. Vida repartida na tessitura das difíceis escolhas. Estamos todos certos no caminhar, a atitude é do ator, circunstâncias e ambiente de cena.

De resto, tudo é pedagógico, ensina. Podemos sim, no balanço final, estarmos melhores que no início da jornada.

 

Fernando Dueire,  senador da República por Pernambuco

 

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