Mozart Neves: a nova diretoria da Adufepe
Há muitos desafios pela frente, mas acredito que ela fará um belo serviço em prol dos docentes da Universidade Federal de Pernambuco

Desde que entrei na Universidade Federal de Pernambuco sou filiado à Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe). Ao longo desses 45 anos, muitas conquistas aconteceram, e também alguns descompassos, o que é natural em um cenário político tão complexo quanto o nosso.
Fui o primeiro reitor reeleito da UFPE e, naquele período de oito anos, sempre procurei manter uma agenda positiva junto à Adufepe. Notadamente, algumas vezes, pelo próprio ambiente político, as críticas à gestão aconteceram, e isso faz parte do processo democrático.
Costumo dizer que quem não consegue viver com a crítica no exercício da gestão pública, nunca deveria ter entrado.
A nova diretoria da Adufepe
Nesta 4ª feira 22 de janeiro de 2025, toma posse a nova diretoria da Adufepe para os próximos dois anos (2025-2026), fruto do processo eleitoral do último mês de novembro. A então Chapa 1 foi a vencedora do pleito, pela qual demonstrei publicamente meu entusiasmo e confiança.
Na composição desta nova diretoria, fazem parte alguns dos amigos adufepianos que fiz ao longo da vida, como os professores Jaime Mendonça, Audísio Costa e Lucinda Macedo; sem falar que o presidente a ser empossado, professor Ricardo Oliveira, é colega de Departamento (Química Fundamental).
Penso que agora é hora de unir na diversidade, incluir a todos no processo de construção permanente da nossa Adufepe, que terá muitos desafios pela frente, especialmente no campo salarial e do financiamento da universidade.
A melhoria dos serviços da Adufepe
Nesses últimos anos, acompanhei de perto a melhoria dos serviços prestados pela associação, em particular aqueles no campo jurídico e da saúde, sem esquecer a área de comunicação.
Eu e minha mulher, a professora Ana Catarina Ramos, usamos com frequência esses serviços, especialmente no campo jurídico, e uma coisa que nos chama a atenção é a qualidade alinhada à presteza dos serviços sempre que utilizamos.
Gostaria de participar presencialmente da posse dessa nova diretoria, mas estou cumprindo uma agenda na Universidade de São Paulo, no âmbito da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, que ora dirijo.
Creio que além daqueles dois pontos supracitados brevemente neste artigo (salário e financiamento), outro que deve estar na agenda da Adufepe é a questão da autonomia universitária.
Minha opinião é que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), da qual fui presidente e vice-presidente, deve enfrentar essa situação, porque não dá mais para continuar esticando essa corda.
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Escassez
Os recursos com despesas discricionárias são cada vez mais escassos, face ao crescimento dessas instituições, ou seja, manter em dia os pagamentos de água, luz, telefone, manutenção predial, segurança, vem se tornando um desafio cada vez maior aos nossos reitores; e isso pode colocar em xeque a qualidade dos serviços oferecidos no ensino, na pesquisa e na extensão.
Certamente, a Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior – ANDES-SN (Sindicato Nacional), e suas afiliadas, como a Adufepe, deverão ter um papel importante nesse processo, caso eventualmente a questão da autonomia ganhe fôlego, como espero.
Não se trata de querer ou não, é preciso enfrentar pela própria sobrevivência desse importante sistema de ensino superior público. E a histórica frase continua viva: quem tem medo da autonomia?
É dentro desse cenário que a nova diretoria da Adufepe inicia suas atividades. Como disse, há muitos desafios pela frente, mas acredito que ela fará um belo serviço em prol dos docentes da Universidade Federal de Pernambuco.
Mozart Neves Ramos , professor emérito da UFPE e foi reitor da UFPE (1996-1999 e 2000-2003).