Roberto Pereira: 'Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é arte e cultura, emoção e fé.
As pessoas – e são muitas e de diversos rincões do mundo – têm a oportunidade rara à reflexão sobre a história que emoldurou a fé cristã

A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é, sem igual, um motivo ao cometimento espiritual. Ali, por ocasião da Semana Santa, a arte se liga à cultura e promovem uma produção de elevado nível de qualidade, ensejando uma vivência grandiloquente diante de representações teatrais, capazes de comoverem as mais exigentes plateias do Brasil e do mundo.
As pessoas – e são muitas e de diversos rincões do mundo – têm a oportunidade rara à reflexão sobre a história que emoldurou a fé cristã, tudo se passando em cenários de beleza ímpar, singularmente plurais, mediante interpretações extraordinárias e efeitos especiais, que surpreendem e emocionam a todos.
A apresentação ocorre, anualmente, no município do Brejo da Madre de Deus, a 180 km do Recife (PE), cuja encenação é uma experiência única que costuma atrair milhares de visitantes de todas as idades. Tudo se passa no espaço reconhecido como o maior teatro ao ar livre do mundo, ensejando uma imersão profunda nos instantes finais da vida de Jesus, onde, a cada apresentação, emociona e comove até os agnósticos quando presentes e deixando nítido o sentimento de que a arte imita a vida.
O público e os cenários em Nova Jerusalém
Para este ano, os organizadores esperam um público de 70 mil pessoas, incluindo-se aquelas egressas de vinte países, que estarão sob o impulso da encenação artístico-cultural e da emoção, que a todos costuma impactar.
Os cenários, por sua grandiosidade, ganham relevo, quando da apresentação artística. A cidade-teatro é cercada por muralhas de pedra de três metros de altura, com 70 torres de sete metros distribuídas ao longo de seu perímetro.
Em seu interior, nove palcos reproduzem ambientes mágicos, como arruados, lagos, jardins, pátios, palácios e o imponente Templo de Jerusalém, proporcionando uma ambientação realista e envolvente para o público, e provocando uma fascinante viagem no tempo.
Multidões de todos os cantos e recantos chegam a Nova Jerusalém para assistir ao drama mais comovente, já acontecido na História dos homens, e para presenciar, com emoção e fé, o martírio de quem veio ao mundo para nos redimir da culpa original, herança de Adão, o fugitivo de Deus.
Os figurinos, carinhosamente preparados, contribuem para a autenticidade da encenação. Os detalhes são elaborados com minúcias para que as vestimentas dos atores e figurantes reflitam a época então retratada, enriquecendo a narrativa e transportando os espectadores para o tempo de Jesus, quando de sua passagem na terra.
Têm o brilho da arquiteta e figurinista Marina Pacheco, que coordena as confecções dos trajes produzidos, tomando por base intensa e extensa pesquisa histórica. As costureiras da localidade confeccionam 2 mil peças com muito esmero e amor no trato, sobretudo com os detalhes.
A plateia e a direção artística da Paixão de Cristo
Para a temporada deste ano, que ocorrerá de 12 a 20 de abril, o espetáculo contará com um elenco estelar. O papel de Jesus será interpretado por José Loreto, enquanto Letícia Sabatella dará vida a Maria. Leopoldo Pacheco assumirá o papel de Pilatos e Werner Schünemann interpretará o Rei Herodes ao lado de Luana Cavalcante, como a Rainha Herodias.
Além do elenco principal, a apresentação envolve aproximadamente 50 artistas pernambucanos de grande talento e cerca de 400 figurantes da vila de Fazenda Nova.
A encenação deste ano trará de volta a personagem Verônica que, na cena da Via Sacra, em mais uma comoção, enxuga o rosto de Jesus com um véu. A intérprete será a atriz pernambucana Angélica Zenith.
Em 1993, último ano em que a personagem constou da trama, o papel foi vivido por Letícia Sabatella.
A qualidade dramática e toda a emoção que marcam o espetáculo é resultado da direção artística do notável Lúcio Lombardi, com a assistência especial do também admirável, Alberto Brigadeiro.
Além disso, nos bastidores, uma equipe de 600 profissionais, incluindo técnicos, eletricistas, sonoplastas, maquiadores e camareiras, dá o suporte necessário para garantir todo o brilhantismo, que é visto nos palcos.
Todo esse extraordinário e incansável trabalho tem a coordenação geral de Robinson Pacheco, presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, que permanece fiel ao legado deixado por seus pais, Plínio e Diva Pacheco, a quem devemos a ousada iniciativa da construção da cidade-teatro e a obstinação das encenações iniciadas desde a década de 1950.
O espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é – registre-se por um dever de reconhecimento – um dos mais belos produtos turísticos de Pernambuco para o mundo. Não podemos deixar de fazer o liame entre o espetáculo e o turismo cultural e religioso, além de exaltar os benefícios sociais gerados por este magistral evento do Agreste pernambucano.
Hóspedes participam do espetáculo
Leia-se o magnífico exemplo do que vem a ser o turismo de experiência, bastando sabermos do fato de que durante a temporada de encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, os hóspedes da Pousada da Paixão, que funciona dentro da cidade-teatro, têm a oportunidade de viver uma experiência única no mundo: participar da encenação como personagens da história de Jesus, lado-a-lado com o elenco e figurantes. Vale a pena conferir.
Enfim, alegra-nos o “Aleluia da Ressureição”, visto que anuncia o triunfo da vida sobre a morte.
Genuflexo, em oração, rezo a minha profissão de fé, da crença em Deus e nos homens de boa vontade!
*Roberto Pereira foi secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco e é membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.