Na próxima segunda-feira, 12 de dezembro de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral fará a diplomação da chapa vencedora nas eleições para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República.
Concluirá, aquela corte, o trabalho de condução do pleito eleitoral, que incluiu preparação, fiscalização, votação e apuração da disputa mais acirrada após o governo militar.
Muitas sequelas desse processo ainda são percebidas no seio da sociedade. Bloqueios de estradas, acampamentos diante de unidades militares, divisões fraticidas de amigos e familiares, em um ambiente de incertezas que chega a atemorizar os menos exaltados.
A decisão da justiça eleitoral de estancar no nascedouro, segundo sua avaliação, quaisquer afrontas ao processo e à democracia foi proveitosa para o conjunto de ações, mas exacerbou os nichos ideológicos.
Como cidadão, ansioso pela volta à normalidade do país, esperoque a conclusão da disputa amenize as tensões emocionais e permita que a justiça eleitoral passe a acompanhar mais afastada os posicionamentos políticos da população, naturais em uma democracia sem restrições, deixando que eventuais desvios que afrontem a lei sejam analisadas por outras cortes ou juízes, abdicandoassim do protagonismo que a tomou.
Adiante, em pouco mais de duas semanas, na virada do Ano Novo, ocorrerá a posse dos diplomados, linha de partida para quatro anos de muitos desafios que precisarão ser ultrapassados para o bem da sociedade.
O Congresso Nacional, casa do povo, em sessão solene, receberá o juramento do mandatário, estabelecendo diante da nação a indelegável responsabilidade desse cidadão em conduzir cidadãos, todos, independente de apoio ou rechaço nas urnas.
As praças públicas de Brasília estarão lotadas. Uma festa popular, mas nem por isso a organização do evento poderá abdicar da liturgia que se impõe nesses momentos. Do parlatório, o discurso da autoridade deverá ser de conciliação.
No dia seguinte, o livro DO ESPÍRITO DAS LEIS, clássico de Montesquieu, necessitará ser relido, hachurado, anotado a lápis suas principais passagens pelos detentores dos poderes se eles genuinamente quiserem o equilíbrio salutar entre o Executivo, Legislativo e Judiciário.
Não tenho a veleidade de acreditar que mares calmos e céu de brigadeiro serão os ambientes nos quais conviveremos nos próximos anos. Mas a sociedade pranteia por dias menos conturbados. Poderemos, fazendo a nossa parte, tentar passar uma borracha macia que apague ao menos os traços maisprofundos da divisão que se instalou. E o tempo, oxalá, será senhor da razão.
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão da Reserva