Prévia de chuvas e proximidade do inverno aumentam a necessidade de articulação entre governo do Estado e prefeituras

JC
Publicado em 06/02/2023 às 22:37


Toda vez que um temporal desaba no Recife e nas cidades que compõem a Região  Metropolitana, a população sofre as consequências da falta de articulação entre os municípios e o governo do Estado. Depois das tragédias anunciadas, como a de ontem, em Olinda, prefeitos e seus secretários se justificam dizendo que o monitoramento é constante – mas são os moradores, segundo os gestores, que não colaboram, permanecendo nos locais de risco apesar dos alertas emitidos. De sua parte, os habitantes dos morros e das áreas que alagam facilmente, com a água invadindo ruas e casas, reclamam da inoperância dos gestores públicos, que não visitam as residências, não realizam obras de prevenção, nem prestam o devido apoio depois que chove, de acordo com os cidadãos.

Entre as queixas que se repetem tanto quanto as tempestades, está o valor insuficiente dos auxílios-moradia, e a indefinição para a resolução de problemas em regiões ocupadas nas fronteiras entre os municípios – com as respectivas prefeituras jogando uma para a outra a responsabilidade, enquanto as pessoas que ali residem, muitas desprovidas de opção, sofrem e morrem pela irresponsabilidade compartilhada. Sem o cumprimento do dever cabido a cada gestor municipal, a situação do descontrole urbano em zonas de risco, bem como o descalabro humanitário em precipitações intensas, só aumentaram nas últimas décadas no Grande Recife e em outros pontos de risco no território pernambucano.

Na semana passada, o governo de Pernambuco deu partida na chamada governança metropolitana, em reunião comandada pela vice-governadora Priscila Krause com os prefeitos da região. O governo Raquel Lyra promete coordenar o esforço conjunto para que estado e municípios sejam capazes de acelerar a resolução de questões comuns, há muito tempo estagnadas, uma vez que a administração isolada, em cada cidade, não basta para cuidar de temas como transporte, saneamento, esgotamento sanitário – e defesa civil, como temos visto todos os anos, na estação das chuvas. A expectativa é que a preparação seja possível até o mês de abril, quando os temporais podem ocorrer em maior volume e por mais tempo.

A integração da Defesa Civil é imprescindível para evitar novas tragédias, como a de ontem. A queda de barreiras é o medo comum de milhares de pernambucanos. Ontem, o deslizamento dobre duas casas deixou um jovem de 19 anos morto, e cinco pessoas feridas, entre as quais, a mãe do garoto que perdeu a vida. Os primeiros socorros vieram dos vizinhos. Os bombeiros chegaram primeiro, e depois veio a Defesa Civil de Olinda. A família do jovem queria sair do local, mas não tinha dinheiro para pagar a mudança.

Para que o saldo de mais de uma centena de mortos pelas chuvas, no ano passado, não se repita, a integração entre os gestores municipais e do Estado – e até do governo federal, que tão pouco deve se eximir – precisa se tornar realidade. O empenho das novas ocupantes do Palácio do Campo das Princesas vai na direção certa, ao liderar a articulação que pode fazer com que todos trabalhem juntos, enfim, pelo interesse coletivo da preservação da vida.

TAGS
chuva jornal do commercio opinião editorial Assinante
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory