Ameaças às escolas: mais segurança e menos pânico

JC
Publicado em 11/04/2023 às 22:48


Um novo caso de violência no ambiente escolar foi registrado ontem no Brasil, em Goiás. Vale dizer que não se deu de fora para dentro, mas no interior da própria escola, envolvendo um adolescente que atacou colegas que saíram feridos.

A sequência de casos tem assustado a população, sobretudo pais, professores e funcionários de unidades
escolares e universitárias públicas e privadas em todo o território nacional. O medo em decorrência dos fatos – alarmantes, sim, que ensejam providências e debates – no entanto, é turbinado pela informação de má procedência e intenção, nas redes sociais.

Uma onda de ameaças percorre o país, deixando as comunidades escolares apavoradas, podendo provocar a redução da frequência ou mesmo o esvaziamento de salas de aula.

Há muitos lados nessa questão que precisam ser percebidos e adequadamente abordados. A apologia da violência às escolas nas redes sociais, por exemplo, não pode continuar sendo acolhida pelas empresas que dominam o ambiente virtual acessado pelos adolescentes.

As empresas devem estar ao lado das autoridades governamentais, de forma a prevenir a circulação do ódio e evitar o estímulo a novos ataques. Por outro lado, o alastramento do pânico é acelerado por mecanismos de desinformação e terrorismo que se repetem.

Como uma alusão à escola norte-americana de Columbine, em ameaça que foi massivamente distribuída no ano passado, e volta a ser agora.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco, professor José Ricardo Diniz, destacou que os cuidados nas unidades privadas estão sendo reforçados, para garantir a segurança dos estudantes e de todos nas escolas.

“Nós não desdenhamos de nenhuma informação, mas também não deixamos de averiguar se ela procede ou não, se ela é fake ou fato, o que ela pretende”, afirmou José Ricardo ao JC.

No âmbito do governo estadual, as secretarias de Educação e de Defesa Social atuam de forma integrada, monitorando os riscos e elevando a proteção da rede pública.

A saúde psicológica de crianças e adolescentes é uma preocupação que deve envolver as famílias, por exemplo, na atenção ao que acessam nas telas dentro de casa.

Trata-se de uma segurança que começa dentro dos lares. Para o psicanalista Christian Dunker, em entrevista à Folha de S. Paulo, o melhor modo de encarar o problema é unir forças, sem buscar o isolamento impulsionado pelo medo.

Ficar em casa, longe da situação, na visão do psicanalista, pode fazer com que o medo aumente, ao invés de diminuir. “O melhor jeito de a gente se sentir seguro é quando está junto com os outros”, diz Dunker.

Como já abordamos em editorial, a violência nas escolas brasileiras não é um fenômeno novo. O entorno do ambiente escolar, a realidade das famílias e das comunidades não se apartam do que ocorre neste momento.

Mas se é necessário tempo para compreender e transformar a raiz da questão, medidas imediatas não podem deixar de ser tomadas, para reduzir a vulnerabilidade aos riscos, bem como impedir a generalização do pânico.

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