Uma década depois de iniciada, de 787 quilômetros de tubulações em sua primeira etapa, quase 80% das obras da Adutora do Agreste já foram executadas. Mas a conclusão, prevista apenas para 2025, pode atrasar, se os recursos não chegarem.
Entre 2021 e 2022, ainda no governo Paulo Câmara, foram aportados pouco mais de R$ 40 milhões pelo governo federal, sob a gestão de Jair Bolsonaro. Nos primeiros meses de mandato, a governadora Raquel Lyra anunciou a chegada de R$ 50 milhões para o projeto, após os contatos iniciais com o governo Lula.
O dinheiro já está na conta do Estado e representa um avanço no andamento de uma das obras mais aguardadas pela população, que irá melhorar a distribuição de água para 23 municípios do interior.
A primeira etapa da Adutora demandará ainda em torno de R$ 400 milhões para ser finalizada, segundo estimativas do governo estadual. Ou seja, é preciso que as relações do Recife com Brasília sigam em alto nível, do ponto de vista institucional, a fim de que essa e outras demandas dos cidadãos pernambucanos continuem sendo atendidas.
A deterioração da qualidade de vida em nosso estado, nos últimos anos, também se deve, além de outros fatores, à interlocução precária entre os níveis de governo. O que se espera é que, daqui para frente, o diálogo e a colaboração marquem a relação dos governos, pautada no interesse coletivo.
É exatamente esse o tom da fala do secretário estadual de Recursos Hídricos e Saneamento, Admir Cirilo, ao mencionar um novo momento de pactuação, no anúncio da chegada dos recursos para a adutora.
“Temos o compromisso do governo federal de que não faltarão recursos para concluir a obra no espaço de tempo mínimo possível”, afirmou. Que assim seja.
E se o prazo mínimo possível for o cumprimento do cronograma, já será um alento, num país de tantas obras retardadas por falta de planejamento, má gestão, desvios éticos ou até por desavenças políticas.
Com dinheiro em caixa, a Compesa irá abrir licitações para execução de obras de complemento dos trechos de Caruaru a Gravatá e Santa Cruz do Capibaribe, e de Belo Jardim a São Bento do Uno e Brejo da Madre de Deus.
A governadora Raquel Lyra garantiu que o abastecimento de água em Caruaru, com isso, será reforçado até o começo do ano que vem. A busca de recursos federais continua, segundo o governo estadual, para viabilizar o que resta de serviços para a conclusão.
A Adutora do Agreste vem sendo construída desde 2013. É parte complementar da Transposição do São Francisco, e foi concebida para levar água para mais de 2 milhões de habitantes nas regiões do Agreste e do Sertão.
A primeira etapa pode ser entregue com dez anos de atraso, se tudo correr bem – pois a promessa original era estar pronta em 2015.
Para a parcela da população pernambucana que sofre com a falta d’água há décadas, acostumada com a escassez hídrica de geração a geração, a aceleração para a conclusão do projeto reacende a esperança de ver realizado o sonho de água abundante e limpa chegando, sempre, nas torneiras de casa.