Urgência é sair do caos

A degradação dos hospitais é um desrespeito à população que precisa recorrer ao sistema público
JC
Publicado em 11/06/2023 às 0:00


Assim como a educação ganhou um programa específico do novo governo estadual, com promessas de melhorias e recursos, a gestão da saúde em Pernambuco precisa passar por um choque de reestruturação. Depois do drama vivido pela população durante a pandemia, e a expectativa de que os equipamentos para tratar a Covid ficariam como legado, a situação atual nos leitos públicos de UTI no estado continua caótica. O JC mostrou o quadro desesperador em reportagem de Cinthya Leite, publicada esta semana. A fila de espera para mais de 160 pacientes retrata a falta de infraestrutura, e um legado de desumanidade que não pode se prolongar.
O surto de doenças respiratórias em todo o País também pressiona o sistema de saúde em Pernambuco. Crianças e adultos acometidos por vírus da Influenza e o sincicial respiratório lotam as emergências, em busca de atendimento. Parte dos doentes necessita de internação, mas a quantidade de unidades de terapia intensiva na rede estadual segue insuficiente para a demanda. Outros casos de atenção intensiva se somam ao surto de enfermidades respiratórias, de modo habitual, como acidentes vasculares cerebrais e infartos. O baixo número de UTIs, contudo, é somente a ponta do iceberg dos problemas na saúde no estado.
A degradação dos hospitais é um desrespeito à população que precisa recorrer ao sistema público de saúde. O cenário, como na educação e em outras áreas da gestão estadual, vem de anos e anos de condução inadequada, para se dizer o mínimo diante do descalabro vivenciado pelas pessoas. O governo Raquel Lyra assumiu há quase seis meses, e a responsabilidade por respostas e serviços melhores à coletividade passou para a nova governadora e sua equipe. Claro que a mudança leva tempo, e já teve início, segundo o novo governo, desde o primeiro dia de mandato. Mas a gravidade da situação na saúde exige aceleração nas decisões e medidas. As doenças e os tormentos a que são submetidos os cidadãos não podem esperar – e não esperam.
A cobrança ao Palácio do Campo das Princesas tem sido feita pelo Ministério Público, no sentido de aumento dos leitos disponíveis de UTI. Em outro flanco, nota-se um déficit de profissionais especializados para cuidar dos pacientes. Por todo lado, há urgências a serem tratadas como tal por parte da gestão pública. Para que a assistência à saúde tenha dignidade, celeridade e resolva os problemas da população, proporcionando melhor qualidade de vida, investimentos devem ser feitos sem a demora que levou ao caos atual. O diagnóstico, como na educação, é evidente e explícito. O que a população espera são soluções advindas do enfrentamento pelo trabalho.
Por sua vez, o funcionalismo estadual da saúde, na pandemia e agora, prova diariamente sua dedicação. São profissionais que devem ser valorizados e apoiados, através de condições melhores para o exercício de suas funções. A integração dos recursos humanos a um programa de revitalização da saúde pública no estado, certamente está nos planos do novo governo. Os pernambucanos não veem a hora de a saúde sair do caos.

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