Bilhões de dólares realimentam a guerra

Após 500 dias de invasão pela Rússia, o apoio financeiro e bélico do Ocidente arma os ucranianos para uma guerra sem fim
JC
Publicado em 10/07/2023 às 0:00


Dos dois lados de um conflito bélico que ensaia, a cada dia que passa, uma nova escalada, a invasão dos russos à Ucrânia completou 500 dias, no último sábado, sem a menor perspectiva de resolução. Pelo contrário, enquanto Volodimir Zelenski continua arrecadando fundos e armas – como a polêmica bomba de fragmentação enviada pelos Estados Unidos – para dar sequência à contraofensiva de recuperação do território ocupado, os comandados de Vladimir Putin podem estar se alinhando para novas ondas de ataque. A paz está fora de questão, e tudo que se vê é preparativo de sangue, destruição e morte.
Depois de transmitir por tanto tempo a mensagem de que a Ucrânia faz parte do solo russo, e que a ocupação é um direito da soberania de seu país, com os ocidentais como inimigos, dificilmente Putin vai recuar, seja no discurso, seja no campo da guerra. Por outro lado, a ajuda de norte-americanos e de outros membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) aos ucranianos, reforça a narrativa de vitimização adotada pelo Kremlin. É um caminho sem volta, enquanto Putin continuar no poder – o que chegou a ser abalado pela revolta dos mercenários, mas não aparenta ser alterado tão cedo.
Em termos financeiros, o retorno do investimento bilionário em armas e munições rendeu poucos resultados para os ucranianos. E por isso, Zelenski pede mais, como as bombas de fragmentação, cujo nível destrutivo é de tal grau que suscitou o veto de seu uso por muitos países. Para a indústria bélica, a guerra na Ucrânia – assim como em outros pontos do planeta, de menor visibilidade global – é um escoadouro da produção, e uma vitrine de grande audiência. Mas os estragos na economia mundial podem ser maiores, caso o prolongamento da invasão não dê trégua. Até porque o acúmulo de armas e perdas humanas tem limite, no que a história ensina ser um ponto sem retorno para confrontos de proporções sem controle.
Enquanto a violência se estabiliza como realidade sem saída, a população ucraniana sofre no meio dos combates. A estimativa das Nações Unidas é de que mais de 9 mil cidadãos civis tenham morrido desde o início da invasão russa, incluindo ao menos 500 crianças. A zona de guerra afasta os moradores, que perambulam em busca de segurança, mesmo que seja cruzando a fronteira. Como a probabilidade é que os bombardeios aumentem, e não diminuam, a incerteza e o medo para os habitantes tendem a crescer. A realimentação da guerra, certamente, também vai semeando o ódio e a intolerância que um longo período bélico deixa em seu rastro.
O horizonte é vedado ao otimismo, quando os olhos do resto do mundo focam no que se desenrola na Ucrânia.

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