O cenário de ameaça à saúde pública entre os chineses não demora a escalar para atenção global, depois da pandemia de Covid que mudou o cotidiano dos habitantes do planeta inteiro, matando milhões de pessoas e levando à superlotação os serviços de emergência, internamento e terapia intensiva nos hospitais, em todos os países. Desta vez, a preocupação dos cientistas se volta para uma pneumonia que atinge a população infantil, em dimensão que assusta e chama a atenção da Organização Mundial de Saúde (OMS), para que os estragos provocados pelo coronavírus não tornem a ocorrer, por outro agente infeccioso fora de controle.
A cena de crianças recebendo soro em hospitais, em Pequim, usando máscaras, recorda a importância de políticas preventivas para impedir que qualquer doença se espalhe. Isso envolve a comunidade científica e médica, as autoridades governamentais e, também, os cidadãos comuns, que não podem deixar de fazer a sua parte na rede colaborativa em defesa da preservação da vida. Além da vacinação, quando disponível – e que tem sido negligenciada por muitos pais e mães, paradoxalmente, depois da pandemia – é sabido que cuidados básicos de higiene e distanciamento, como o uso de máscaras e álcool nas mãos, pode representar a diferença crucial para a manutenção da saúde, sobretudo das crianças, idosos e pessoas com a imunidade reduzida.
De acordo com a OMS, há notícias de aumento na incidência de quadros gripais na região norte da China desde o mês passado. A entidade solicitou informações ao governo chinês, para acompanhar mais de perto a evolução das doenças. Junto ao pedido às autoridades, a OMS recomendou os conhecidos cuidados às populações da região: manter distância de pessoas infectadas, lavar bem as mãos, usar máscara de proteção e, em caso de sintomas, permanecer em casa sob observação. Uma espécie desconhecida de pneumonia pode estar levando as crianças chinesas para os hospitais, o que eleva a necessidade de monitoramento, para muito além das muralhas do país. A Covid já mostrou que o ambiente globalizado exige atenção redobrada, a fim de minimizar o risco de novas pandemias.
Embora não haja motivos para alarde, e a explicação inicial de que o aumento de casos diz respeito à suspensão de restrições contra a Covid, gerando maior circulação de agentes infecciosos, a falta de transparência da China faz com que as especulações prosperem. E não sem fundamento, uma vez que o coronavírus se manifestou primeiro, em larga escala, entre os chineses. O fator climático também contribui para o panorama detectado, em que uma onda de frio que atinge a região pode piorar o quadro nas crianças, em temporada de doenças respiratórias. De toda forma, inclusive pela desarrumação gerada pelo coronavírus nas estações de gripe e na vacinação, é preciso, daqui para frente, que todos venham a cumprir os protocolos de vigilância e prevenção, com transparência, responsabilidade e colaboração.