TRÂNSITO

Mortes poderiam ser evitadas

Segundo a OMS, morrem duas pessoas a cada minuto, no mundo, em consequência de sinistros de trânsito

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JC

Publicado em 04/01/2024 às 0:00
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É como se fosse uma guerra que não termina. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou relatório em que estima que 3.200 pessoas perdem a vida, a cada dia, e quase 1,2 milhão por ano, em decorrência de impactos causados durante o deslocamento sobre rodas nas ruas, avenidas e estradas em todo o planeta. São mortes que poderiam ser evitadas com medidas preventivas, investimentos em transporte público e, claro, mais prudência dos motoristas. A letalidade no trânsito já foi pior, mas continua com números alarmantes, apontando uma realidade à espera providências dos gestores públicos que cuidam da mobilidade.
É tão grave o panorama que esta é a principal causa de morte para crianças e jovens dos 5 aos 29 anos de idade. Parcela da população mundial é ceifada de nosso convívio, não por doenças ou conflitos armados, mas por sinistros de trânsito. O que fazer para evitar a continuidade dessa pandemia da civilização contemporânea? Para a OMS, trata-se de uma crise de saúde global, tendo como sujeitos mais vulneráveis, obviamente, ciclistas e pedestres que enfrentam um enorme risco, na maioria das vezes, sem saber disso. O diretor-geral da entidade classifica a situação, corretamente, como absurda, pelo fato de as mortes serem evitáveis. Como solução ao que denomina de carnificina, Tedros Adhanom sugere que “todos os países coloquem as pessoas, e não os carros, no centro de seus sistemas de transporte”.
No período de mais de uma década, de 2010 a 2021, apenas dez países da ONU conseguiram reduzir as mortes no trânsito pela metade. O balanço dá uma ideia das dificuldades envolvidas, sobretudo em lugares onde o transporte público deixa muito a desejar, como a maioria das cidades brasileiras. Apesar da diminuição verificada, em ritmo lento, dos óbitos por sinistros de trânsito em escala global, os pedestres vitimados tiveram aumento de 3%, e chegam a 23% do total. Cerca de 80% das estradas não são seguras para os pedestres, e menos de 1% contam com faixas exclusivas para bicicletas, expondo os ciclistas ao perigo.
O relatório indica que a legislação para minimizar os fatores de risco não é suficiente na maioria dos países, inclusive no que diz respeito à segurança para os ocupam os veículos, a exemplo de proteção para impactos. Para piorar o quadro preocupante, a frota global deve dobrar até 2030, e daqui para lá, os governos nacionais precisam planejar e implantar medidas preventivas de maior alcance, a fim de evitar mais mortes. A meta das Nações Unidas, nesse passo, dificilmente será cumprida – baixar pela metade os óbitos no trânsito em todo o mundo.
País de estradas em condições sofríveis e baixo nível de fiscalização da segurança nos veículos, mesmo no perímetro urbano, o Brasil registrou mais de 30 mil mortes no trânsito em 2022. De janeiro a setembro do ano passado, somente nas rodovias federais, mais de 4 mil pessoas foram vítimas fatais de quase 50 mil sinistros.

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