EDUCAÇÃO

Em sintonia com o mundo

Estudantes do ensino médio preferem currículo flexível, como se verifica em outros países

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JC

Publicado em 14/03/2024 às 0:00
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Alvo de polêmica enervada pela política, a reforma que se tornou conhecida como Novo Ensino Médio ganha um aliado que não pode deixar de ser levado em conta – a maioria dos estudantes, principais interessados na mudança e suas promessas. Em pesquisa do Datafolha para uma das entidades mais respeitadas do país na área, o Todos Pela Educação, dois terços dos adolescentes de 14 a 16 anos entrevistados confirmaram o desejo de um modelo escolar com o currículo flexível, como o Novo Ensino Médio aprovado durante o governo Michel Temer propõe. Desde que assumiu, o presidente Lula vem acatando as pressões para reformar a reforma, no fundo mantendo o que já existia antes, sem flexibilidade nem visão de futuro para o desenvolvimento profissional dos estudantes.
A essência do modelo aprovado como novidade no Brasil, em sintonia com outros sistemas educativos no mundo que privilegiam a formação voltada para a carreira que se pretende trilhar, é a adoção de um currículo híbrido, que tenha uma parte comum a todos, e outra que dependa da escolha dos jovens, visando o aprofundamento de conhecimentos específicos e a integração com cursos profissionalizantes. Adolescentes de 113 municípios de todas as regiões foram escutados presencialmente, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, e não deixaram dúvida quanto à predileção da educação que esperam poder ter.
Como registrado na edição de ontem do JC, o diretor-executivo do Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, não descartou a necessidade de mudanças no âmbito do Novo Ensino Médio. “A pesquisa reforça de forma bastante categórica que a maioria dos estudantes ingressantes do ensino médio, defende as mudanças que o novo modelo propõe a avançar”. E além disso, a pesquisa mostra que os adolescentes buscaram conhecer o novo modelo. “Quanto mais o estudante diz estar bem informado sobre a reforma, mais forte é essa defesa”, atesta o diretor da entidade. Entre os que se consideram bem informados a respeito do Novo Ensino Médio, a preferência chega próxima de 80%. O reconhecimento das virtudes de um modelo curricular flexível demonstra sintonia com experiências em outros países, que já passaram pela transição que os estudantes brasileiros desejam atravessar.
O Ministério da Educação e o Congresso devem agilizar o processo de avaliação e ajustes no portão de entrada da vida profissional que é o ensino médio. Aprimorar o que está posto é uma necessidade, mas não há porque demorar, atrasando os ganhos que a reforma pode trazer à população. Trata-se de uma conquista da sociedade, com larga e longa repercussão social e na economia, elevando o aproveitamento individual dos potenciais criativos da juventude. Se cada governo que entra trouxer o seu modelo educacional, a nação continuará empacada no baixo desempenho escolar e no desenvolvimento aquém das demandas coletivas. Os jovens estão conectados com o que enxergam em outros lugares do planeta, e querem claramente se conectar com o futuro que podem e esperam ver acontecer.

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