LOGÍSTICA

Enfim, a Transnordestina?

Lançamento do edital é um passo importante para a concretização do projeto do trecho pernambucano da ferrovia

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JC

Publicado em 01/05/2024 às 0:00
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Pode estar para deixar de ser lenda um dos mais adiados projetos estruturadores do desenvolvimento de Pernambuco e do Nordeste. Com muitos anos de atraso, tantos que se chegou a ter que se reverter o boicote à obra, é lançado o edital para a construção da ferrovia Transnordestina, em seu trecho planejado de Suape a Salgueiro. Inicialmente como obra pública, e depois, como concessão, segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, em audiência no Senado, na terça-feira. A exclusão de Pernambuco no governo anterior vem sendo ressaltada pelo governo federal, mas o ministro também afirmou que o traçado original da ferrovia no estado será revisto – o que imprime um pouco de dúvida ao prazo de viabilização dessa reinserção.
A volta do trecho pernambucano restabelece a lógica inicial do projeto, de oferta de alternativa logística associada ao dinamismo econômico do Complexo Industrial e Portuário de Suape. O resgate de um compromisso com o bom senso não deve ser considerado um favor do governo federal, e sim, a reposição do interesse público da população nordestina nos trilhos. Para tanto, foi necessária pressão política, exercida por alguns anos e por diversos atores institucionais, para a restauração do trecho de Pernambuco na Transnordestina. O lançamento do edital vem como uma conquista da região, mas demonstra a renovação do peso político de Pernambuco, após anos de baixo protagonismo no cenário nacional - e de limitada influência nas decisões tomadas por Brasília. Ao menos, é o que a decisão aponta.
Apesar da incerteza na fala de Rui Costa, o edital orçou o custo de quase R$ 25 milhões para um trajeto de 206 quilômetros em solo pernambucano. A empresa vencedora será responsável pela elaboração o projeto executivo de engenharia para o trecho, incluindo variantes e contornos pontuais. A obra integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, no pacote de mais de R$ 91 bilhões para Pernambuco – mais um indicativo da boa relação da governadora Raquel Lyra com o Planalto, caso os investimentos se confirmem – num pacote que tem, além da Transnordestina, a conclusão da Refinaria Abreu e Lima, além de rodovias e adutoras.
Saindo de Eliseu Martins, no Piauí, a Transnordestina avançou em direção a Pecém, no Ceará, descartando o trecho até Suape. A expectativa de retomada do projeto que integra o Nordeste – e não favorece apenas um estado – cresce com a garantia do governo Lula para a inclusão do trecho pernambucano e a promessa de conclusão até 2029. Atrasada em 14 anos, a ferrovia custará o triplo do orçamento original. Em 2006, o próprio Lula iniciou a obra, que custaria R$ 4,5 bilhões – valor estimado agora em R$ 14 bilhões. Ao invés de 1.753 quilômetros de extensão, deverá ter cerca de 1.200 quilômetros. O empreendimento é essencial para o desenvolvimento regional, integrando a economia nordestina à do país e ampliando a estrutura logística para a atração de novos investimentos.

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