SAÚDE

Abuso de álcool mata

De acordo com a OMS, com dados de antes da pandemia, 2,6 milhões de pessoas morrem por ano devido ao consumo excessivo de bebidas alcóolicas

Publicado em 26/06/2024 às 0:00
Notícia

São quase 5% de todos os óbitos no planeta em um ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mais de quatro vezes mais que as mortes causadas pelas drogas psicoativas. Enquanto o consumo abusivo de bebida alcóolica mata 2,6 milhões anualmente, as drogas psicoativas respondem por 600 mil vidas a menos. O abuso é um problema para o indivíduo, para sua família, mas também para a saúde pública, pois cabe aos governos, em todas as instâncias, buscar mecanismos de prevenção e amparo a quem faz uso descontrolado da bebida, pondo a própria vida e a dos outros em risco – como no caso dos embriagados que saem guiando automóveis ou motocicletas, sem condição para dirigir.
O Relatório Global sobre Álcool, Saúde e Tratamento de Transtornos por Uso de Substâncias foi divulgado pela entidade esta semana. Baseado em informações oficiais dos países em 2019, o estudo mostra o predomínio de homens entre as vítimas fatais – 2 milhões por causa do álcool, e 400 mil, das drogas. O que já leva a um indicativo para as políticas públicas de prevenção e apoio, antes que as substâncias consumidas consumam as vidas desnorteadas por elas. As estimativas da OMS dão conta de 209 milhões de pessoas no mundo dependentes de álcool, para as quais o uso já se tornou abuso rotineiro. Um contingente impressionante de pessoas que precisam de apoio para sair da beira do abismo, onde o próximo gole pode ser o último passo.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi enfático ao afirmar que o abuso de álcool “coloca um fardo pesado sobre as famílias e as comunidades, aumentando a exposição a acidentes, lesões e violência”. De fato, o fardo existe, mas não pode ser deixado sobre os ombros dos familiares, nem do entorno. Tanto a OMS quanto os governos nacionais e locais têm responsabilidades a cumprir, a fim de evitar o sofrimento que não se restringe a quem é dependente, espalhando-se em volta, e impedir as mortes que são evitáveis, como a própria entidade costuma frisar. Para que sejam evitadas, no entanto, o destino dos dependentes de álcool precisa ser objeto de políticas públicas eficientes, que não se resumam ao diagnóstico, mas se dirijam a soluções objetivas que alcancem as consequências esperadas.
Um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) que não serão alcançados até 2030 – como outros – é a redução do consumo abusivo de álcool e drogas, assim como a ampliação do acesso a tratamentos adequados para os transtornos gerados pelas substâncias. Se antes da pandemia de Covid a situação da saúde global em relação à questão já era complicada, é de se supor que de lá para cá o quadro pode ter piorado. Vamos aguardar dados mais recentes, e o próximo relatório da OMS, para saber o que mudou – mas não podemos esperar para cuidar do problema, e solicitar da saúde pública a urgência que os dependentes merecem.

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