As mulheres podem decidir

Em seis de cada dez municípios brasileiros, o eleitorado feminino é maior do que o masculino para as eleições deste ano, segundo o TSE

Publicado em 02/08/2024 às 0:00

A importância das mulheres no processo eleitoral ganha cada vez mais evidência no Brasil. E pode ser um fator decisivo para os resultados dos pleitos municipais este ano, inclusive para elevar a representatividade feminina no Executivo, com mais prefeitas, e no Legislativo, com mais vereadoras. O déficit na representatividade em relação aos homens continua alto, e os partidos – a maioria dirigida por homens – parecem não fazer questão de mudar esse quadro. Cabe às eleitoras o papel de observar melhor as candidaturas, cobrar das agremiações partidárias a inscrição de mais candidatas, e votar naquelas que merecerem a sua preferência.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para as disputas em 2024, o país conta com quase 82 milhões de eleitoras, mais de 52% do total, e 74 milhões de eleitores homens, correspondendo a 47% do total. Mas em 62% das cidades – 3.432, exatamente – a maioria da população votante é de mulheres. A responsabilidade delas é a mesma da responsabilidade deles em todo o país. No entanto, nos lugares em que se apresenta como maioria, cresce a possibilidade de que os eleitos e as eleitas dependam, no final da contagem, dos votos femininos. E quase um quarto desse eleitorado se encontra na faixa etária de 45 a 59 anos, segundo o TSE. São, portanto, eleitoras maduras, para as quais o exercício democrático nas últimas décadas deve contar como experiência para reflexão na hora da escolha, em outubro.
Entre os dados divulgados pelo Tribunal, vale destacar que um contingente de 2 milhões a mais de mulheres do que de homens detêm a prerrogativa do voto facultativo, opcional, no Brasil. São adolescentes de 16 a 18 anos, idosas acima de 70 anos, e aquelas de qualquer idade que sejam analfabetas, a partir do que rege a Constituição. Trata-se de fatia considerável do eleitorado, cuja participação ou ausência é capaz de mudar a direção dos votos para as prefeituras, bem como para a composição das câmaras de vereadores. O estímulo ao interesse das mulheres pela política e pelo processo eleitoral, torna-se essencial para o fortalecimento da democracia, sobretudo num país em que o poder exercido majoritariamente pelos homens tem oscilado entre extremos que se assemelham de forma negativa, desgastando a própria democracia.
Na região Nordeste, a diferença entre mulheres e homens no eleitorado é ainda maior: 53% a 47%, sendo 22,7 milhões de eleitoras para 20,5 milhões de eleitores homens. O mesmo percentual entre os gêneros é visto em Pernambuco, com 3,8 milhões de mulheres para 3,3 milhões de homens no eleitorado. E no Recife, a diferença chega a 10%: são 55% de mulheres para 45% de homens aptos a votar – mais de 100 mil mulheres a mais. Se no Brasil o voto feminino será decisivo, nas cidades nordestinas, em nosso estado e na capital pernambucana, a escolha das mulheres terá enorme peso para o destino coletivo nos próximos quatro anos.

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