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Kamala x Trump

Confirmação da candidatura de Kamala Harris, vice de Joe Biden, para a disputa com Donald Trump à Casa Branca, pode mudar o rumo da eleição

Por JC Publicado em 03/08/2024 às 0:00

Em um ambiente político de polarização repetida, com roteiro que parecia definido, o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enfrentaria nas eleições deste ano o ex-presidente Donald Trump – cuja renovação de mandato foi impedida justamente pela derrota no último pleito, contra Biden. Biden chegou a ser confirmado candidato para tentar a reeleição, mas bastou o primeiro debate, realizado com grande antecedência da votação em novembro, para que se percebesse no atual presidente a vulnerabilidade que poderia permitir o retorno de Trump à Casa Branca. A reação de diversos líderes do partido Democrata, bem como de seus financiadores – a campanha lá é toda feita com dinheiro privado, com transparência sobre quem contribui – foi maciça e rápida. Biden foi pressionado, deixou a corrida eleitoral e, no mesmo dia que abandonou a disputa, apresentou a sua vice, Kamala Harris, como sucessora na candidatura, concorrendo à sucessão no cargo.
A troca rápida e, pelo que dizem as primeiras pesquisas, eficiente em termos de competitividade, ressalta a figura da vice-presidente, que até então não aparecia tanto no governo. Mas sobretudo destaca o papel de uma mulher com reconhecida trajetória política, escalada para mudar o rumo da eleição nos EUA. As declarações iniciais da vice que se tornou candidata a presidente da República, animaram os democratas, conquistando arrecadação recorde para a campanha em poucos dias, além de provocar aparente desnorteio do outro lado, na campanha de Trump. Depois de aparecer como herói sobrevivente de um atentado, o republicano viu emergir uma concorrente forte, disposta a enfrentá-lo sem papas na língua. Não por acaso, o magnata vem postergando a confirmação de debates com Kamala Harris, cujas afirmações duras sobre o adversário têm empolgado seus eleitores, assim como a extensa plateia global que teme a volta de Trump e sua agenda radical-conservadora ao governo de uma das maiores potências do planeta.
Com a maioria dos delegados do partido aprovando seu nome, Kamala teve a indicação confirmada pelos democratas. Antes mesmo de ser ratificada, a vice de Biden obteve, em julho, 310 milhões de dólares em doação para a campanha, o dobro do arrecadado por Trump. Se já despontava como protagonista ao assumir como a primeira mulher vice-presidente dos EUA, Kamala Harris promete uma acirrada corrida eleitoral contra o ex-presidente Donald Trump. E vai seguir despertando a curiosidade de milhões de pessoas fora de seu país. No Brasil, pelo menos dois livros podem ser acessados para quem quiser conhecer mais de sua trajetória e suas ideias: “Kamala Harris”, do jornalista Dan Morain, foi publicado em 2021. E “As verdades que nos movem”, da própria Kamala, publicado no mesmo ano.
A súbita mudança na campanha, que demandou um grande movimento público e nos bastidores da política norte-americana, não é garantia de que o rumo da eleição presidencial será outro, após meses em que Trump liderou a preferência do eleitorado. Mas a perspectiva de uma mulher, filha de imigrantes, surgir como elemento surpresa para mudar a história do voto, dá a dimensão do quanto a democracia pode ser renovada, em qualquer lugar do mundo.

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