Potencial da economia criativa

Lançamento de diretrizes pelo Ministério da Cultura precisa ter a consequência esperada de ampliação das atividades artísticas pelos brasileiros

Publicado em 09/08/2024 às 0:00

Gigante pela diversidade cultural, o Brasil oferece um leque variado de oportunidades para investimento no potencial artístico em todas as regiões do país. Sobram vocações e talentos, além de características regionais e locais que vinculam determinados lugares a fazeres e saberes que se destacam de outros locais. A cultura é capaz de agregar apelo turístico ao estímulo econômico que se desdobra da produção ao público, resultando em evolução dos indivíduos e da população. Mas quase nunca isso acontece de maneira sistemática, dentro de uma visão de desenvolvimento propícia ao aproveitamento do potencial existente, bem como da demanda coletiva pela formação de identidades e experiências que apenas a arte suscita.
Em geral, do âmbito federal ao municipal, falta continuidade nas ações, e organização para que as oportunidades não sejam perdidas. Com base nesse panorama muito aquém do ideal, o Ministério da Cultura divulgou, há poucos dias, um conjunto de diretrizes para impulsionar a economia criativa no país, dentro da política nacional formulada com tal objetivo. A ministra Margareth Menezes chamou atenção para a importância de uma agenda consolidada de iniciativas concretas para a expressão criativa e artística dos brasileiros. De fato, os esforços por agendas oficiais, periódicas, inseridas nos calendários anuais, mobilizam diversos agentes e atores culturais, ano após ano, em virtude das dificuldades de captação de patrocínio, ou mesmo dos trâmites burocráticos para a realização. Sem contar as questões políticas que desfazem o que vinha sendo feito, e buscam reinventar a roda a cada novo mandato, em qualquer nível de governo.
Entre as diretrizes para a política de economia criativa estão, por exemplo, o diagnóstico dos setores, a formação de gestores, o incentivo a empreendedores, a ampliação de investimentos, e a adoção de ações inclusivas e promotoras da diversidade. Tanto melhor e mais efetiva será a política nacional se levar em consideração a bagagem de estudos e diagnósticos existente em diversos setores da economia criativa, sem partir do zero para começar a implantar as ações. Seja no plano nacional, seja no estadual e nos municípios, há bases históricas de informações que podem servir de ponto de partida para a concretização do que preconizam as diretrizes. As diretrizes devem ser muito mais do que planos de intenção, configurando o arcabouço do que se planeja, avançando para a execução no menor prazo possível. Para que os brasileiros não esperem mais tanto tempo para ver os potenciais criativos e seus efeitos na economia e na vida das pessoas.
A força de trabalho artística não somente contribui para o Produto Interno Bruto (PIB), como exerce papel essencial na renovação da identidade cultural do povo brasileiro. Deixar de valorizar a cultura e seus trabalhadores é rebaixar a identidade coletiva a segundo plano, além de menosprezar a imensa capacidade de transformação da realidade, contida no desenvolvimento dos potenciais da arte.


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