A responsabilidade dos eleitos

Prefeitos consagrados nas urnas e parlamentares escolhidos como representantes do povo têm muito trabalho a fazer nos próximos quatro anos

Publicado em 07/10/2024 às 0:00

O resultado das urnas guarda sempre importantes mensagens para o exercício democrático que se renova a cada eleição. Os recados da população são diversos, e não se resumem facilmente, sobretudo em um pleito com mais de 5 mil prefeituras em disputa em todo o território nacional. Mas uma coisa é certa: preservando a confiança naqueles que se sagraram reeleitos pelo voto de confiança da maioria, ou tiveram a preferência já no primeiro turno, cresce a responsabilidade diante do mandato que se abre no horizonte dos próximos quatro anos. O mesmo vale para os vereadores e vereadoras que se elegeram ou reelegeram, com a missão de trabalhar pela coletividade no Poder Legislativo mais próximo dos cidadãos.
No Nordeste, quatro capitais reelegeram seus prefeitos, com ampla margem de diferença para os concorrentes: Salvador, Maceió, São Luís e o Recife. Numa região onde a desigualdade econômica e social é a maior do país, o trabalho desenvolvido no primeiro mandato deve ser redobrado no segundo, mantendo a rota aprovada pela população, e agregando o atendimento às demandas que permanecem. O reconhecimento popular, por outro lado, exprime a situação de realidades políticas em que a oposição exibe dificuldades para cobrar dos governantes, e se apresentar como alternativa viável de exercício do poder. Historicamente, no Brasil, assim como em outras partes do mundo, a máquina administrativa de qualquer governo configura vantagem comparativa e diferencial de campanha. Para perder, e não renovar os mandatos, os detentores de mandatos majoritários precisam, na maioria dos casos, estar desgastados na avaliação maciça da população.
Na capital pernambucana, a vitória avassaladora de João Campos representa a identificação de uma liderança em ascensão, com ampla adesão nas plateias de redes sociais, inclusive de fora do estado. Um fator adicional de responsabilidade para o prefeito em novo mandato a partir de 2025: dar continuidade às ações respaldadas pela aprovação dos recifenses, e acelerar o trabalho para retirar da cidade os trágicos indicadores da miséria, da falta de moradia e da moradia de risco, da saúde, entre outros problemas antigos que permanecem desafios no município. Há muito a ser feito pelo prefeito que segue no cargo até 2028.
No cômputo nacional, as eleições municipais correram com menor grau de radicalismo, e mais encaixes partidários visando acordos para além das campanhas. A todos que participaram do pleito, o povo brasileiro agradece: a política é arte da palavra, e não da força. É bom que os brasileiros enxerguem o diálogo entre concorrentes, e até o respeito que deve ser mantido entre líderes que não estendem a divergência para a violência – mesmo que verbal. A democracia sai mais renovada do que os mandatos dos prefeitos e vereadores reeleitos, com a população tendo exercido o direito à escolha dos gestores públicos e dos parlamentares. E as lições das urnas, como de costume, ainda irão ecoar por anos a frente.

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