Preservação da Caatinga
Investimento na recuperação desse tipo de vegetação tipicamente brasileira precisa ser uma prioridade para manter a bibliodiversidade
Em tempos de ameaça crescente à biodiversidade e à integridade dos ecossistemas por causa de intervenções humanas ou de efeitos das mudanças climáticas, a destinação de recursos públicos para a preservação de um tipo de vegetação tipicamente brasileiro, no clima semiárido, é um sinal positivo de compromisso com o meio ambiente. E mais, com as populações locais – de todas as espécies animais – que vivem ali. Assim, é uma boa notícia que quase R$ 9 milhões em financiamentos poderão ser utilizados em projetos de restauração da Caatinga, a partir de reunião realizada na Sudene, no Recife, esta semana.
Serão selecionadas propostas de ações nas unidades de conservação da Caatinga, objetivando a restauração ecológica e o fortalecimento da cadeia produtiva de restauração. Os projetos devem contemplar áreas mínimas de 100 hectares, e irão integrar a Floresta Viva do BNDES, na frente “Caatinga Viva”, podendo ser executados em até quatro anos. A chamada pública aos interessados vai até o dia 21 de fevereiro de 2025, e será coordenada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), com recursos do BNDES e do BNB. Além das unidades de conservação e seu entorno, são consideradas áreas prioritárias para as ações os territórios quilombolas e de povos indígenas, bem como outras comunidades tradicionais.
O financiamento da recuperação da Caatinga atende propósitos ambientais e sociais, na medida em que se dirige à geração de oportunidade relacionadas com a segurança alimentar saudável para as populações locais. No entanto, há que se ressaltar os objetivos ambientais, uma vez que são muitas as dificuldades para a implementação de políticas eficazes de convivência com as mudanças climáticas, como a ameaça de desertificação em grande parte do Brasil – e não apenas no semiárido, já que até na Amazônia se vislumbra esse risco, com a elevação da temperatura da Terra e a intensificação dos períodos de estiagem.
Presente em 10% do país e abrigando 27 milhões de brasileiros, a Caatinga tem tudo para ser um modelo de desenvolvimento sustentável para o mundo – mas não como está agora, já que quase a metade da vegetação pode ter sido desmatada, em estimativa otimista. A sobrevivência de várias espécies que somente existem na Caatinga precisa ser um compromisso da atual para as futuras gerações. A pressão climática impõe a demanda da urgência para o planeta, enquanto, nos estados de clima semiárido no país, o desafio do desenvolvimento com sustentabilidade impõe menos proselitismo e mais engajamento dos gestores públicos.
O Floresta Viva do BNDES se insere nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, mas tem que ser visto como instrumento de alcance global e local, a partir de iniciativas de entidades ligadas à conservação, em complemento às políticas que devem ser assumidas e implementadas em todas as esferas de governo.