Confiança com cautela
Empresários da indústria pernambucana demonstram ânimo com o cenário estadual, mas continuam preocupados com a conjuntura brasileira
Embora o horizonte de recuperação econômica possa voltando a aparecer com nitidez, a instabilidade que vem de Brasília, com insegurança jurídica e baixa confiança do mercado no equilíbrio fiscal do país, fazem com que os empresários pernambucanos do setor industrial mantenham cautela, junto à confiança que vem da realidade favorável aos negócios. Em entrevista no programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal, o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso, disse que há uma mistura de elementos positivos e negativos, na percepção do empresariado diante da atualidade e das perspectivas para a economia.
O Índice de Confiança Empresarial da Fundação Getúlio Vargas vem diminuindo mês a mês, em reflexo à inconsistência das promessas de cortes nas despesas do governo federal, em paralelo às turbulências na relação entre o Planalto e o Congresso. Sem base política firme, o governo Lula depende da atuação de ministros como Fernando Haddad, ou até mesmo do Supremo Tribunal Federal – numa exacerbação de funções constitucionais criticada por muitos – para aprovar tratar de temas importantes para a estabilidade econômica. Assim, as incertezas vão se acumulando, e a confiança desidrata.
Um dos principais fatores de manutenção do otimismo é a queda nas taxas de desemprego, indicadora de que os investimentos estão estimulados. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) turbina condições básicas para se continuar investindo, gerando empregos e elevando a renda das famílias. “A primeira coisa para o investimento acontecer é o otimismo, porque com pessimismo ninguém investe”, afirmou o dirigente da Fiepe. Ou seja, é preciso que as instituições – governo em primeiro lugar, mas também o Legislativo e o Judiciário – cuidem da preservação da confiança do mercado em níveis mínimos para a continuidade do otimismo que move a economia.
Para o empresariado pernambucano, a reversão do sentimento negativo ainda se encontra em andamento, no processo lento de mudança comandado pela governadora Raquel Lyra. Mas investimentos estruturadores como o Arco Metropolitano, a duplicação da BR-232 até Serra Talhada e a Ferrovia Transnordestina, ou seja, focados em mobilidade e logística, deixam mais próxima a possibilidade da consolidação da confiança. “Os indicadores locais apontam que 2025 será um ano positivo. As empresas estão fazendo o dever de casa, as prefeituras estão fazendo o dever de casa e o governo estadual também está fazendo dever de casa. Já quando se trata do governo federal, os números são muito preocupantes e sabemos que a conta chega”, ponderou Veloso, apontando o risco de alta inflacionária acoplado ao descontrole de gastos públicos.
Um ambiente de negócios propício, como o que se desenha em Pernambuco, acelera o desenvolvimento coletivo e facilita o trabalho da gestão pública. Por outro lado, se os governos fazem a sua parte, os empreendimentos prosperam, melhorando o cenário econômico.