Se a lavagem adequada das mãos e o uso de álcool a 70% são aliados na prevenção contra o coronavírus, estudantes de escolas públicas da rede estadual estão dando um passo importante no combate à Covid-19, doença provocada pelo vírus, mesmo sem casos confirmados em Pernambuco. Isto porque alunos do Ginásio Pernambucano (GP), que fica na Avenida Cruz Cabugá, no bairro de Santo Amaro, estão aprendendo a produzir álcool em gel e a fazer a higienização das mãos. As ações na escola tiveram início nesta terça-feira (10) e seguem até a sexta-feira (13), assim como ocorre nas outras 1.060 instituições estaduais.
As atividades nas escolas públicas estaduais tiveram início nessa segunda-feira (9), depois que gestores das 16 gerências regionais de educação (GREs) de Pernambuco participaram de uma palestra com o secretário de saúde do Estado, André Longo, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. A partir da reunião, as informações sobre a doença foram repassadas para os coordenadores dos colégios e cada instituição teve a liberdade de decidir de que maneira o aprendizado seria repassado para os estudantes.
No GP, nesta terça-feira (10), os alunos participaram de uma palestra com estudantes e professores do curso de enfermagem da Universidade de Pernambuco (UPE). Além disto, um grupo de adolescentes foi escolhido como multiplicadores e participaram de oficinas para aprender como fazer a lavagem adequada das mãos e a produzir o álcool em gel a 70%, juntamente com os professores de biologia e química da instituição. A função dos adolescentes será repassar as informações para os colegas. O GP possui 700 alunos, distribuídos em 15 turmas de ensino médio.
"Esta é uma semana de trabalho com todas as escolas da rede. Aqui no GP teremos muitas atividades. Cada escola tem autonomia para desenvolver aquela atividade que ela achar mais adequada e didática. Teremos esquetes teatrais, paródias, entre outras ações. Na quinta-feira (12), estamos culminando tudo no dia D da prevenção contra o coronavírus na nossa regional", explica Neuza Pontes, gerente da GRE Recife Norte, responsável pelas escolas da área norte e central da cidade, incluindo o GP, além de Fernando de Noronha. Segundo ela, a GRE conta com 76 escolas e cerca de 50 mil alunos.
O adolescente Gustavo Dantas, de 15 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio, faz parte do grupo de multiplicadores. Nesta terça, ele aprendeu a produzir álcool em gel a 70%. "Eu acho muito importante que a gente obtenha esse conhecimento da prevenção, do cuidado. A gente tem recebido uma enxurrada de fake news e é legal ter esta conscientização. Depois do aumento dos casos tenho lavado mais as mãos, limpado mais objetos de uso pessoal, tipo o celular", comenta. Ele relata que o estoque de álcool em gel produzido por eles será distribuído entre os estudantes da escola e serão feitos sorteios.
Outra multiplicadora é a estudante Maria Cecília Ferreira, de 16 anos. Ela cursa o 3º ano do ensino médio e participou da oficina de lavagem das mãos. "É diferente porque eu fazia uma coisa mais simples, só lavava por cima. Agora a gente tem que lavar a palma, o dorso, entre os dedos, o punho. Com isso, a gente se previne de contrair a doença e ainda ajuda outras pessoas. A gente vai passar nas salas explicando e também vamos distribuir panfletos", disse a adolescente.
Produção de álcool em gel
O professor de química e biologia do GP, André Oliveira, ministrou uma das oficinas para os estudantes na manhã desta terça. Ele comenta a importância da concentração do álcool ser a 70%, para garantir a limpeza de objetos como celulares, maçanetas e mesas. "O álcool puro, apesar de ter efeito bactericida, ele não é muito eficaz. Assim como o álcool muito diluído, que é o que é vendido para uso doméstico, também não é eficaz. A gente recomenda que seja utilizado na concentração de 70%. Isso é álcool líquido, que é usado para assepsia de superfícies. Para o uso pessoal, a gente recomenda em gel, porque ele não vai causar irritação na pele", afirma o professor.
Segundo ele, durante a oficina, os alunos fizeram a diluição do álcool absoluto com água destilada, para transformá-lo em 70%, adicionando o espessante, substância que aumenta a viscosidade sem alterar as propriedades do produto. "Eles estão estudando soluções, concentrações na sala de aula. É uma forma de chamar atenção do aluno, já que, muitas vezes, eles não conseguem ver muita conexão com a realidade. Eles fazem uma aplicação prática daquilo que estão vendo na sala", diz André Oliveira.
A professora de biologia, Mônica Lins, confirma que o coronavírus tem sido assunto constante dentro das salas da instituição. "Nos segundos anos a gente trabalha vírus e reinos. Eles fazem muitas perguntas dentro da sala, se a doença mata rápido, quais são os sintomas, o que podem tomar cuidado. Muitas fake news estão rolando, então fica interessante porque a aula se torna dinâmica, com um assunto atual e ainda passamos informações confiáveis para eles", acrescenta.
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