Por causa do coronavírus, escolas do Recife já estão com atividades reduzidas nesta segunda (16)

As recomendações da Prefeitura do Recife e do Governo do Estado suspendem as aulas em escolas públicas e particulares do Recife a partir da próxima quarta-feira (18). No entanto, na manhã desta segunda-feira (16), muitas instituições já estavam com quadro reduzido de alunos e funcionários, devido à pandemia do novo coronavírus. Nas escolas públicas municipais do Recife, em partes, pela greve dos professores, a movimentação de estudantes foi baixa. A situação nos colégios particulares não foi diferente.

A filha de dois anos da comerciante Damíres Maria, de 26 anos, estuda na Creche Municipal Irmã Dulce, no bairro do Torreão, na Zona Norte do Recife. A mãe conta que tem três filhos e que, desde a semana passada, tem sido difícil conciliar os horários do trabalho com o das crianças. "Eu acho certo suspender as aulas por causa do coronavírus. Vai prejudicar muitas mães e a mim mesma, mas eu concordo. Desde a semana passada eu estou tentando equilibrar, porque os professores já tinham entrado em greve. Agora não sei como vai ser, vou ter que levá-las comigo para o trabalho", comenta.

A atendente de telemarketing Edilma Oliveira, de 43 anos, tem dois filhos que frequentam a Escola Municipal Santo Amaro Severino Gomes e o Ginásio Pernambucano, ambas no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. Ela conta que tem tomado medidas de prevenção com os filhos, como lavar sempre as mãos e tomar banho ao chegar em casa. "É bom prevenir porque eles não têm como se cuidar sozinhos, a gente vai ter que cuidar delas. Quando a gente chega da rua a gente vai logo tomar banho, veste outras roupas. Sempre lavando as mãos", relata. Para ir trabalhar, Edilma terá ajuda de uma amiga para cuidar das crianças.

A reportagem esteve, na manhã desta segunda, na Escola Municipal Lutadores do Bem, que fica no bairro de Santo Amaro, e ela estava fechada devido à greve dos professores. Já na Creche Municipal Coelhinho Pensante, no mesmo bairro, o quadro de funcionários estava reduzido. Em todas as escolas e creches municipais visitadas, os pais ainda não foram informados de que forma o kit alimentação com a merenda das crianças será distribuída. Questionada, a Prefeitura do Recife disse que ainda não foi definida a logística de entrega, mas confirma que ela acontecerá.

Em relação à greve dos professores, o Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere) declarou que está realizando uma reunião para definir os rumos da paralisação. "Estamos acompanhando atentamente toda essa situação relativa ao Coronavírus/Covid-19. Em razão do pronunciamento do poder público municipal do Recife e, em seguida, do Poder Público Estadual, já marcamos reunião extraordinária do Conselho Diretor para esta segunda-feira, para assumirmos uma posição comum, diante de uma situação tão relevante para toda a sociedade", disse o sindicato em nota.

Escolas particulares também tiveram presença reduzida

Nas escolas particulares do Recife, o clima não é diferente. Na manhã desta segunda, muitos colégios tiveram frequência baixa de estudantes devido ao medo de contrair a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus. No Colégio GGE, por exemplo, que fica no Paissandu, na área Central do Recife, em salas que geralmente possuem de 35 a 40 alunos, a presença foi de, aproximadamente, 10 a 15. A supervisora pedagógica da instituição, Carol Costa, diz que o GGE irá seguir a determinação e suspenderá as atividades a partir da quarta.

"Reunimos todo corpo diretivo e foi colocado e divulgado como iria funcionar. A gente tem aula normal hoje e amanhã (segunda e terça-feira), mas a gente não vai fazer nada que vá prejudicar o aluno pedagogicamente. Vão ser preparadas revisões, preparações de exercícios, retomadas de conteúdo, de forma que ninguém tenha prejuízo pedagógico", explica. No Colégio CBV, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, a previsão é de que o quadro de funcionários também seja mantida em casa.

"Hoje teremos mais uma reunião. Estamos muito preocupados. Só que a gente tem que cumprir o que é para todos, porque não vamos fazer diferente do que ficar combinado com as outras escolas. Estamos passando as orientações para as famílias. A gente já vem com as ações desde a semana passada, em relação à higiene na escola, estamos fazendo tudo que é necessário. A frequência reduziu bastante", informa a diretora do CBV, Valéria Lima. 

O técnico em TI Alexandre Maranhão, de 65 anos, chegou a deixar suas duas filhas gêmeas, de 13 anos, para assistir às aulas, mas retornou antes do fim do horário para buscá-las. "Estamos muito preocupados com o coronavírus. Eu quase não trazia elas para a aula. Quando chegarem em casa, vão tomar banho e estamos evitando ficar muito tempo na rua. Não está tendo aula hoje, agora vamos aguardar quando terá", acrescenta.