DENÚNCIA

Sem sabão e máscara, enfermeiros de Pernambuco ameaçam greve por falta de proteção contra coronavírus

Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (Seepe) deve manter apenas 50% dos profissionais trabalhando

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 18/03/2020 às 12:02 | Atualizado em 19/03/2020 às 9:22
FÁBIO COSTA/JC IMAGEM
Classe ameaça paralisar as atividades a partir desta segunda-feira - FOTO: FÁBIO COSTA/JC IMAGEM

atualizada às 9h15 do dia 19 de março

Sem sabão, máscaras e álcool em gel. O que parece essencial para o trabalho de qualquer profissional de saúde em tempos da pandemia do novo coronavírus, falta nos hospitais estaduais de Pernambuco, de acordo com a denúncia de enfermeiros vinculados às unidades médicas. Por isso, a classe decide nesta sexta-feira (20) se irá paralisar as atividades.

A intenção do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (Seepe), que organiza o movimento, é manter 50% dos profissionais trabalhando. A associação diz ainda não ter recebido quaisquer respostas do Governo de Pernambuco sobre a falta dos equipamentos de proteção individual (IPIs).

“Não tem condições de trabalho. A gente está sem equipamentos de proteção, não tem máscara, não tem sabão para lavar as mãos nem álcool em gel e estamos colocando nossa vida em risco em meio à essa pandemia do [novo] coronavírus”, denuncia Ludmila Outtes, presidente do Seepe e enfermeira do Hospital da Restauração (HR), localizado no Centro do Recife.

A classe teve uma reunião com a Secretaria de Saúde do Estado nessa quarta-feira (18), que deu o prazo de até sexta-feira (20) para reabastecer unidades de saúde com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Assim, o Sindicato vai esperar até a data para resolver se vai paralisar as atividades.

“Eles ficaram de garantir até sexta-feira (20), às 12h, a reposição nas unidades de saúde. Também informaram que vão nos passar a previsão para realizar licitações para compra de mais materiais. Não adianta reabastecer hoje, por exemplo, e faltar de novo em dois dias. Na sexta à tarde, dependendo, nos reunimos para deliberar”, explicou a presidente do Seepe.

Resposta

Em resposta ao JC, a Secretaria Estadual de Saúde informou que já iniciou processo de compra emergencial de equipamentos de proteção individual para as unidades estaduais de saúde, e que as direções têm feito um trabalho de conscientização dos seus profissionais sobre o uso adequado dos EPIs, como máscaras respiratórias, avental descartável, luvas de segurança e toucas.

"É importante destacar que o uso adequado dos EPIs busca evitar o desperdício dos equipamentos e o desabastecimento desses itens nos serviços de saúde", explicitou, em nota. "A SES reforça que as unidades estão abastecidas dos insumos básicos de limpeza e higiene", esclareceu.

Acerca da ameaça de greve, o órgão informou que, até o momento, as unidades sob gestão estadual estão funcionando normalmente, sem relatos de faltas de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e que está em constante diálogo com a categoria, tomando todas as medidas necessárias para garantir a assistência da população e dos funcionários da rede. 

Confira a nota completa

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que, no cenário atual, as direções das unidades estaduais têm feito um trabalho permanente de conscientização dos seus profissionais sobre o uso adequado e oportuno dos equipamentos de proteção individual (EPIs) - como máscaras respiratórias, avental descartável, luvas de segurança e toucas - para os trabalhadores que atuam na área da saúde.

Todos os profissionais da rede estão sendo orientados quanto às regras citadas e, inclusive, são convidados a participar de capacitações periódicas realizadas pelas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) das unidades sobre o assunto.

É importante destacar que o uso adequado dos EPIs busca evitar o desperdício dos equipamentos e o desabastecimento desses itens nos serviços de saúde. Independentemente da circulação da Covid-19, os serviços já seguem protocolos padrões para uso de EPIs, como durante a realização de procedimentos cirúrgicos e em casos de risco de exposição a fluidos biológicos.

Importante frisar que as unidades sob gestão estadual estão funcionando normalmente, sem relatos de faltas de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. A SES-PE também está em constante diálogo com a categoria e irá tomar todas as medidas necessárias para garantir a assistência da população e dos funcionários da rede, nesse momento de emergência pública em saúde. Por fim, a SES-PE já iniciou processo de compra emergencial de equipamentos de proteção individual para as unidades.

A SES reforça que as unidades estão abastecidas dos insumos básicos de limpeza e higiene.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Veja o mapa que mostra como o coronavírus tem se espalhado pelo mundo

OMS declara pandemia de novo coronavírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse, no dia 11 de março que a epidemia de covid-19, que infectou mais de 110.000 pessoas em todo mundo desde o final de dezembro, pode ser considerada uma pandemia.

"Estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de propagação e de gravidade, bem como com os níveis alarmantes de inação" no mundo, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva em Genebra.

"Consideramos, então, que a covid-19 pode ser caracterizada como uma pandemia", afirmou.

 

AFP
Quem não se importa mata mais que o vírus - FOTO:AFP

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