Mais três barragens do Agreste e Sertão pernambucanos verteram desde a divulgação do boletim da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) da sexta-feira (27). Os açudes de Nilo Coelho, em Terra Nova; do Machado, em Brejo da Madre de Deus; e de Lopes II, em Bodocó; atingiram e excederam o volume máximo de acúmulo de água, segundo a análise desta segunda-feira (30) da entidade. Além desses, doze reservatórios continuam a sangrar em outros onze municípios do Estado.
A água, para quem mora na região, vem sempre como um sinal de tempos melhores. Márcia Souza, de 23 anos, trabalha em uma farmácia do Brejo da Madre de Deus, mas a avó é agricultora. O município é um dos que foram contemplados pela diminuição do rodízio de abastecimento pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) em virtude da recuperação dos mananciais. No ano passado, a safra não foi tão boa, mas a expectativa é positiva para este ano "Aqui continua chovendo, e é como uma fortaleza", descreveu. "Traz a esperança de plantar e fazer uma boa colheita."
O ano tem apresentado chuvas fortes nas duas regiões. Março está fechando em Pernambuco com um índice pluviométrico acima da média mensal dos últimos anos, de acordo com a Apac.
Janeiro e fevereiro também seguiram a mesma tendência, sinalizando para um tempo mais ameno em relação à seca que ainda castiga alguns municípios. De acordo com o meteorologista da Apac Thiago do Vale, a mudança nos sistemas meteorológicos explicam o acumulado em 2020 acima da climatologia.
"De 2012 para cá a gente esteve com condições desfavoráveis à chuva, entramos no período de seca. Este ano está sendo o contrario: o (oceano) Atlântico está mais quente e o Pacífico mais frio. São ciclos naturais que ocorrem, tanto os períodos de seca e como os de chuva", afirmou.
As consequências disso são sentidas com força no Agreste e no Sertão, onde o clima é mais árido. O padrão de chuva por lá é diferente do litorâneo. Enquanto na Zona da Mata e na Região Metropolitana do Recife as precipitações são mais esparsas, nas outras duas regiões, vem com força e de uma vez. "A chuva de lá é mais convectiva", pontuou do Vale.
"Quando se tem um valor de chuva de 70 mm no Sertão e Agreste, o nível da lâmina d'água e o escoamento é muito maior. Ou seja, quando chove, acumula poças d’água que vão direto para o rio", detalhou.
Nesta segunda-feira (30), Serra Talhada, no Agreste, foi a última beneficiada com a redução do tempo de espera por abastecimento de água.
A Compesa tem diminuído o rodízio do fornecimento de água em algumas localidades do Estado desde que as chuvas tomaram força. A medida vem em tempos de combate à pandemia do novo coronavírus.
Mais recentemente, o açude de Cachoeira 2, que fornece para parte de Serra Talhada atingiu pela primeira vez em dez anos sua capacidade máxima de 21 milhões de metros cúbicos. Agora, 40% da cidade tem disponibilidade de água por 24h horas por dia. O resto da população recebe por seis dias a cada sete sem. Antes, segundo a Compesa, o rodízio era de seis dias com água para oito sem, mesmo com reforço da Adutora do Pajeú para completar o fornecimento do açude que operava com apenas 30% do volume.
A presidente da Compesa, Manuela Marinho, afirmou que o alívio das chuvas vai "garantir segurança hídrica até o próximo ciclo". De acordo com ela, Cachoeira 2 vai poder sustentar o novo regime por pelo menos um ano com o suporte da Adutora do Pajeú.
Além de Serra e Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Passira, Riacho das Almas, Cumaru, Triunfo, Belo Jardim, São Benedito do Sul e Pombos vêm sendo beneficiadas com a diminuição do rodízio por causa da melhora das chuvas.
A Compesa também está adota a política em outros municípios através de ações emergenciais para atender a população vulnerável ao coronavírus em mais de 50 cidades. O Estado têm levado carros-pipa ao interior, e instalado novos equipamentos para aumentar a produção de água em reservas - caso do Sistema Integrado Palmirinha.
Só nesse domingo (29), quatro cidades registraram precipitações de mais de 60 mm, classificadas como fortes - foram elas: Águas Belas (79,4) e Santa Cruz do Capibaribe (67,95) no Agreste, e Palmares (61,75) e Jaqueira (61,75) na Mata Sul.
A previsão é que a chuva ameniza nesta terça-feira (31), com intensidade fraca a moderada nas duas regiões. A tendência da precipitação diz que a chuva deverá ser leve a fraca na quarta (1º) e na quinta-feira (2), mas que deverá voltar a engrossar a partir da sexta-feira (3).
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