Coluna Mobilidade

Impacto da pandemia no transporte público faz governo de Pernambuco reduzir ainda mais a operação do BRT

Estado diz querer evitar aglomerações, mas perda de receita - que já gerou um impacto de R$ 52 milhões em 30 dias - tem pesado na decisão

Roberta Soares Roberta Soares
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Roberta Soares
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Publicado em 14/04/2020 às 19:35 | Atualizado em 14/04/2020 às 20:50
ROBERTA SOARES/ESPECIAL PARA O JC
O Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP) está há três semanas com redução de demanda superior a 70% - FOTO: ROBERTA SOARES/ESPECIAL PARA O JC

POR ROBERTA SOARES, DA COLUNA MOBILIDADE

O transporte por ônibus da Região Metropolitana do Recife sofre nova redução na operação diária devido à perda de demanda provocada pela pandemia do coronavírus. Dessa vez, no Sistema BRT, que terá seis estações dos Corredores Leste-Oeste e Norte-Sul desativadas a partir desta quarta-feira (15/4). A informação do governo de Pernambuco - gestor do setor - é de que as medidas são necessárias para evitar aglomerações e reforçar o isolamento social, mas na verdade o custo da ociosidade do sistema tem pesado muito nas decisões, afinal, a perda de receita já alcançou R$ 52 milhões no primeiro mês de pandemia e isolamento social.

O Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP) está há três semanas com redução de demanda superior a 70% (chegou a 75% e caiu para 72%), opera com praticamente metade da frota (53%, ou seja, 1.450 ônibus) e já promoveu a demissão em massa de rodoviários, que ainda brigam pela reversão do processo.

Na semana passada, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (GRCTM) - já tinha autorizado a substituição, nos fins de semana durante a pandemia, dos BRTs articulados por coletivos comuns - novos e refrigerados, é verdade, mas comuns, com motores dianteiros - para reduzir custo e facilitar a operação, já que esses veículos permitem realizar embarque e desembarque fora das plataformas elevadas. E, assim, evita o uso das estações de BRT, fechadas e refrigeradas, o que gera ainda mais custo.

Para quem não sabe, a manutenção mensal de uma estação de BRT custa, em média, R$ 30 mil. Agora, decide formalizar a desativação das estações - duas delas foram fechadas na segunda semana de pandemia, sem que o consórcio soubesse. E, de fato, a redução de passageiros nas unidades impressiona: em média, de 75%, mas em algumas alcançou 80%.

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Perdas do sistema de transporte - KMELO

Serão fechadas quatro unidades do Corredor Leste-Oeste (que liga Camaragibe, na RMR, ao Centro do Recife) e duas no Corredor Norte-Sul (que conecta Igarassu, também na RMR, ao centro da capital). No Leste-Oeste, serão desativadas durante a quarentena as estações Barreiras, Engenho Poeta, Forte do Arraial e Zumbi.

 

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Perdas do sistema de transporte com a covid - kmelo

Já no Corredor Norte-Sul, será suspensa a operação das estações Cruz de Rebouças e Miguel Arraes. O GRCTM explica que a desativação no Corredor Norte-Sul será um teste e dependerá de
acomodação da demanda diante da junção de duas linhas do BRT. Aos passageiros, caberá procurar estações mais próximas às que serão fechadas, o que significará uma caminhada de 500 metros a um quilômetro a mais no percurso.

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