POR ROBERTA SOARES, DA COLUNA MOBILIDADE
O sistema de transporte por ônibus da Região Metropolitana do Recife já acumula um prejuízo de R$ 52 milhões no primeiro mês de pandemia do coronavírus e queda vertiginosa da demanda de passageiros. Os dados são do Grande Recife Consórcio de Transportes (CTM). A presença de passageiros nos coletivos teve uma leve melhora, com a redução saindo de 75% - como chegou na segunda semana de isolamento - para 72%. Mas nada que tenha qualquer impacto positivo nas contas do setor, que já demitiu três mil motoristas, cobradores e fiscais de ônibus. Apesar de um acordo firmado entre empregadores e empregados, mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e acompanhado pelo governo de Pernambuco (gestor do transporte na RMR), apenas parte das demissões foi revertida e a confusão ainda segue nas garagens das empresas.
- Os estragos do coronavírus na mobilidade urbana
- Coronavírus já provocou prejuízo de R$ 22 milhões ao transporte público da Região Metropolitana do Recife
- Metrô do Recife perde 76,6% dos passageiros e 87,8% da arrecadação devido ao coronavírus
- MP que socorre o emprego formal pode ser esperança para reverter demissões de motoristas de ônibus na Região Metropolitana do Recife
- Pandemia do coronavírus reduz violência no trânsito em Pernambuco
- Na pressão, emenda tenta garantir ajuda financeira para sistemas de transporte público durante a pandemia do coronavírus
- Motoristas de ônibus denunciam descumprimento de acordo para reverter demissões em massa
- Lições da pandemia do coronavírus na mobilidade urbana
Diante da queda de demanda e após duas semanas com uma redução da frota de ônibus de apenas 25%, o Estado determinou que o sistema operasse, desde o dia 3/4, com 53% da frota (1.435 coletivos) e redução de 45% das viagens (ou seja, cumprindo 55% das programações diárias). Essas determinações ainda não foram alteradas. No pacote de medidas impostas pelo governo ao setor de transporte por ônibus devido à pandemia, estão a higienização dos coletivos nas garagens e nos terminais integrados, a redução e alteração da operação do Sistema BRT, a organização das filas nos TIs, inclusive com o uso de marcadores no chão e de PMs, a suspensão do VEM Idoso e a orientação para que os ônibus circulem apenas com passageiros sentados - o que funciona melhor na perspectiva do CTM do que na prática.
METRÔ DO RECIFE
A queda de demanda no Metrô do Recife também segue praticamente a mesma desde o início da operação especial criada em função do isolamento social - operação exclusiva nos horários de pico da manhã (6h às 9h) e da noite (16h30 às 20h). Está na ordem de 74%. Já a perda financeira foi de 84,3% entre os dias 9/3 (quando a pandemia estava começando a assustar) e 8/4, totalizando uma fuga de receita de aproximadamente R$ 5 milhões.
A diferença é que no sistema metroferroviário da RMR a perda de usuários tem se mantido a mesma. No caso dos ônibus, a demanda teve uma redução de 47% por mais de uma semana, ultrapassando os 70% posteriormente. É importante lembrar que o peso dos ônibus no transporte da RMR é bem maior do que o do metrô. Por dia, os coletivos transportam 1,8 milhão de passageiros, enquanto o Metrô do Recife garante o deslocamento de 400 mil pessoas.
LEIA MAIS CONTEÚDO NA COLUNA MOBILIDADE www.jc.com.br/mobilidade
Comentários