PANDEMIA

"Não é hora de discutir medidas de relaxamento do isolamento social", frisou secretário de Saúde do Recife

O Recife já registrou 234 mortes por coronavírus desde o início da pandemia

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 29/04/2020 às 20:05 | Atualizado em 29/04/2020 às 20:33
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Jailson Correia, secretário municipal de Saúde, disse que a ciência norteará a tomada de decisões relacionadas à pandemia no Recife e em Pernambuco - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, afirmou, durante a coletiva de imprensa transmitida ao vivo do Palácio do Campo das Princesas, na tarde desta quarta-feira (29), que não está na hora de discutir o relaxamento de medidas de isolamento e distanciamento social. A declaração foi durante a apresentação e detalhamento do boletim diário da covid-19 em Pernambuco. Juntamente com o secretário estadual de Saúde, André Longo, Correia reforçou que, no Recife e em Pernambuco, a ciência norteará as tomadas de decisão.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco registrou 470 novos casos do novo coronavírus. O Estado agora tem um total de 6.194 infectados, sendo 4.045 casos graves e 2.149 casos leves e 538 mortes.

Nesta quinta-feira (30) chega ao fim o decreto assinado pelo governador Paulo Câmara que determina o fechamento de praias e parques de Pernambuco, medida adotada para reforçar o isolamento social. Uma prorrogação deste decreto ainda não foi oficializada pelo Estado, mas o tom adotado pelos secretários na coletiva demonstra que a ordem deve permanecer a mesma, por enquanto.

O Recife já registrou 234 mortes por coronavírus desde o início da pandemia. "De um lado, a triste notícia para as famílias, as perdas de vidas. Esses números, a gente tem sempre repetido, nos impactam. Cada número desse fala de uma vida que foi perdida desnecessariamente, de maneira precoce por uma doença gravíssima que tem mobilizado o mundo inteiro. Enquanto alguns dizem 'e daí?' muitos se preocupam e trabalham para que se possa reduzir as mortes, para que se possa salvar vidas. Acho que esse é o desafio reiterado aqui todos os dias ao longo desse período com muita transparência", disse Jailson Correia, fazendo referência à fala do presidente Jair Bolsonaro, na última terça-feira (28), ao ser questionado sobre os mais de 5 mil mortos por coronavírus registrados até então no Brasil.

Na terça, o secretário municipal apresentou dados de um estudo que mostraram que as medidas de isolamento social recomendadas pela Organização Mundial da Saúde já ajudaram a salvar mais de 2 mil vidas em Pernambuco. Nesta quarta ele voltou a pedir que as pessoas obedeçam à quarentena. "Nós ainda estamos no momento de preocupação, crescente de números de casos e mortes, a gente olha a pandemia ainda em crescimento. Os primeiros dias de maio parecem apontar um cenário de bastante dificuldade e é por isso que a gente mais uma vez reforça a necessidade de isolamento social. Não está ainda na hora de discutir relaxamento dessas medidas", afirmou.

Relaxar o isolamento só quando a curva começar a decrescer

Jailson Correia frisou que o Recife, em sintonia com Pernambuco, tomará decisões relacionadas à pandemia sempre com norteamento científico. "No Recife a ciência sempre norteará a tomada de decisões. Seja tomada de decisões de intensificação de medidas de isolamento e distanciamento social como também aquelas que, porventura uma dia, nós esperamos que o mais breve possível desde que seja feito com muita segurança, também as medidas que poderão sinalizar para uma possível reabertura gradual das atividades na cidade. A ciência será o norte sempre aqui nas nossas tomadas de decisão", disse.

O secretário mencionou ainda que o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, anunciou medidas para pensar a cidade durante a pandemia e no pós pandemia.

"Como André colocou, todo mundo que relaxou medidas de isolamento antes de experimentar uma curva decrescente consistente de casos, se arrependeu profundamente, teve que voltar para um lockdown ainda mais severo, mais duro. É assim que nós norteamos as decisões, tanto aqui no Recife, quanto no Estado de Pernambuco”, completou.

“As pessoas não têm acreditado no que temos dito desde o início”

Entre os vários alertas feitos diariamente durante as coletivas para apresentação do boletim da covid-19 em Pernambuco, tanto o secretário municipal de Saúde quanto o estadual frisam a gravidade da pandemia do novo coronavírus. Nesta quarta, André Longo voltou a reforçar a gravidade do problema. "As pessoas não têm acreditado no que temos dito desde o início. São dezenas e dezenas de coletivas, nunca negamos a gravidade da situação, a gravidade do problema. Estamos constatando mais dificuldades se somando a cada dia, mais dificuldade no serviço de saúde e procuramos ser o mais claros possíveis na mensagem. Mais uma vez reforçamos isso", disse, lembrando ainda que por trás de cada número contabilizado pelas estatísticas há vidas e famílias e que os profissionais de saúde já precisam escolher quais pacientes serão levados para os respiradores na terapia intensiva, porque não há aparelhos suficientes.

"A situação já estava crítica e está se agravando, fruto de não seguirmos as recomendações sanitárias. O que acontece hoje é reflexo de 14, 15 dias atrás. E o que fazemos hoje vai refletir daqui 15 dias. Aqueles que desmerecem a quarentena, ignoram a gravidade da situação, não encontram espaço nas nossas mesas, nos nossos pronunciamentos diários", disse.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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