O Recife tem, atualmente, 866 profissionais de saúde afastados com suspeita do novo coronavírus, o que representa cerca de 8,8% dos 9.796 servidores da secretaria de saúde do município. Do total, 614 afastamentos são de médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Os dados foram divulgados pela Prefeitura do Recife em coletiva de imprensa online na manhã desta quinta-feira (30). Durante o evento, o prefeito Geraldo Julio anunciou a contratação de 802 novos profissionais para atuar nos hospitais de campanha da capital pernambucana.
A cidade possui, agora, 2.148 profissionais trabalhando diretamente com pacientes da covid-19, entre contratos temporários e efetivos. Destes, 1.600 foram nomeados através de concurso público e convocados em seleções simplificadas e credenciamento. Outros 500 foram remanejados de outras áreas. O secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, explica que os novos profissionais foram chamados tanto para os seis hospitais de campanha, quanto para novos leitos e para suprir a demanda dos profissionais que precisaram ser afastados.
A rede pública de saúde do Recife é composta por 1.223 médicos (169 afastados), 906 enfermeiros (146 afastados) e 1.516 técnicos em enfermagem (299 afastados). Segundo ele, a quantidade de afastamento se assemelha ao que acontece em outros locais do país e do mundo. "Quando olhamos para o número de profissionais afastados, este percentual está dentro do que é observado em grandes serviços do mundo inteiro. É muito importante que, se houver adoecimento de profissionais, que não aconteça ao mesmo tempo", comenta.
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Questionado sobre a abertura de novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Recife após a contratação dos profissionais, já que a reportagem do JC mostrou que há 21 ventiladores pulmonares parados atualmente na capital pernambucana, o secretário disse que novos leitos devem ser abertos ainda esta semana e na próxima. A falta de profissionais capacitados para atuar nos leitos de UTI é uma das justificativas dadas pela gestão para que, dos 122 aparelhos comprados, apenas 91 estejam em vagas abertas de UTI, dez em salas de estabilização nos hospitais de campanha, e 21 sem qualquer tipo de uso.
De acordo com Jailson, a capacitação dos profissionais acontece em duas frentes, sendo uma delas o treinamento por meio de outros trabalhadores da mesma unidade de saúde, e através de videoaulas que estão sendo disponibilizadas em aplicativo da prefeitura. "Esse papel de treinamento inicial é feito pelas próprias Organizações Sociais dos hospitais provisórios.
A nossa rede faz o treinamento assim que essas equipes chegam e ele acontece em serviço. Tudo isso tem acontecido, essa é a regra e é assim que se aprende medicina", relata. Os 802 novos profissionais foram contratados tanto da prefeitura do Recife, quanto pelas Organizações Sociais que administram os hospitais de campanha. O contrato temporário dura de seis meses a um ano.
Atualmente, 70 pessoas ocupam os leitos de UTI da rede municipal de saúde e 168 as de enfermaria, totalizando 238 pessoas internadas. No Plano de Contingência do Recife estão previstos um total de 1.200 leitos, sendo 400 de UTI e 800 de enfermaria. Os leitos estão distribuídos em sete hospitais de campanha, dos quais seis foram entregues. Três deles ficam nas policlínicas: Amaury Coutinho, na Campina do Barreto; Barros Lima, em Casa Amarela, na Zona Norte e Professor Arnaldo Marques, no Ibura, na Zona Sul.
Ventiladores pulmonares sem uso no Recife
Mesmo com o anúncio de novos leitos nessa segunda-feira (27), a capital pernambucana segue com mais ventiladores pulmonares disponíveis do que vagas abertas de UTI. De acordo com a gestão municipal, foram adquiridos e recebidos, desde o início da pandemia do novo coronavírus, 122 equipamentos, mas apenas 91 vagas de UTI estão funcionando atualmente. Outros dez dispositivos estão em salas de estabilização de pacientes, o que resulta em 21 aparelhos sem qualquer tipo de utilização.
Sobre os ventiladores disponíveis, a Prefeitura do Recife diz que eles serão utilizados em vagas que serão abertas nos próximos dias e que os aparelhos não foram cedidos para leitos já em funcionamento do Estado. Além disso, na última sexta-feira (24), o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, atrelou a ausência de mais leitos de UTI funcionando à falta de profissionais de saúde capacitados. Em outras palavras, há aparelhos e leitos construídos (233 já foram entregues), mas faltam pessoas treinadas para atuar nas vagas.
A Prefeitura do Recife tem a meta de adquirir 370 ventiladores, mas fez encomenda de 500. Os dispositivos são importantes no atendimento a pacientes com a covid-19, principalmente para os casos mais graves. O aparelho, inclusive, foi alvo de disputa na Justiça que, na última quinta-feira (23), determinou que os respiradores comprados pelo Governo do Estado fossem entregues com urgência.
"O respirador é um componente muito importante do leito de UTI, mas não é o único. Existem outros equipamentos, que nós já temos na casa, mas existe a necessidade de formação das equipes de trabalho e do seu mínimo treinamento, para que se possa encarar o enfrentamento à covid-19", explica Jailson. O Recife possui 947 leitos construídos, dentre os quais 233 são de UTI e 714 de enfermaria. O número de vagas abertas, ou seja, que já estão prontas para receber pacientes, é de 382, sendo 91 de UTI e 291 de enfermaria.
Os leitos de UTI da capital pernambucana estão distribuídos em três unidades: no Hospital Provisório Recife 1, na Rua da Aurora, no Centro do Recife, que tem 28 vagas; no Hospital da Mulher, no Curado, na Zona Oeste, que tem 30 leitos e no Hospital Provisório Recife 2, nos Coelhos, na área Central, que tem 33 vagas.
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