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Caso Miguel: Sarí Côrte Real deixa delegacia escoltada por policiais após prestar depoimento

Miguel, filho da empregada doméstica, estava sob seus cuidados quando foi deixado sozinho no elevador que o levou até o nono andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau, do qual caiu e morreu

Cadastrado por
Bruna Oliveira
Ciara Carvalho
Raphael Guerra
Publicado em 29/06/2020 às 16:23 | Atualizado em 30/06/2020 às 6:45
YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
Caso Miguel - Sari Corte Real, prestou depoimento, sobre a morte do menino Miguel nesta segunda-feira (29) na delegacia de Santo Amaro - FOTO: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM

Teve tumulto e gente passando mal, quando a empresária e primeira-dama de Tamandaré, Sarí Côrte Real, deixou a delegacia de Santo Amaro, na área Central do Recife, por volta das 14h30 desta segunda-feira (29), após prestar depoimento sobre a morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos. O garoto era filho da empregada doméstica Mirtes Souza, e estava sob os cuidados de Sarí quando o deixou sozinho no elevador que o levou até o nono andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau, na área central da capital pernambucana, do qual caiu e morreu, no dia 2 de junho. Na saída da delegacia, Sarí foi escoltada por policiais e não quis falar com jornalistas.

Do lado de fora da delegacia, familiares e amigos se juntaram para aguardar a saída de Sarí, como forma de protesto e para pedir justiça por Miguel. No momento da saída de Sarí, um forte esquema de segurança foi montado. A polícia formou um corredor para evitar a aproximação da imprensa com a primeira-dama. Policiais fizeram a escolta de Sarí, que ficou em silêncio todo o momento. Houve muita agitação e a viatura que a transportou foi atingida por socos e ponta-pés pelos manifestantes.

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Após a saída da investigada pela morte do garoto, a tia de Miguel, irmã de Mirtes, passou mal e desmaiou. Ela precisou ser carregada pelas outras pessoas que, assim como ela, cobravam por justiça. É válido lembrar que Sarí foi autuada em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e responde em liberdade após pagar uma fiança no valor de R$ 20 mil.

O depoimento de Sarí era a última parte que faltava para a conclusão do inquérito, que será remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O laudo das perícias realizadas no prédio foram entregues na última sexta-feira (26) à noite. A previsão é de que o inquérito seja concluído até quinta-feira (2).

Até o momento, sete pessoas foram ouvidas na investigação, são eles: Mirtes Souza; o zelador do prédio; um ex-síndico do prédio; o gerente de operações técnicas do prédio; a manicure que estava na casa de Sarí na hora do acidente; e um morador que ajudou a socorrer a criança.

Delegacia abre fora do horário de expediente

Com horário de expediente da delegacia às 8h da manhã, o delegado Ramon Teixeira chegou à unidade policial às 6h. Pouco depois, Sarí e o marido, o prefeito de Tamandaré Sérgio Hacker (PSB), chegaram à delegacia.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco disse que "os advogados da acusada apresentaram requerimento ao Delegado que preside o Inquérito Policial solicitando a realização do depoimento em horário mais cedo que o de início do expediente da unidade policial. Considerando os argumentos relativos à possibilidade de aglomeração de pessoas e o risco de agressão à depoente por parte de populares, o delegado deferiu o requerimento".

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que está oficialmente habilitada para acompanhar o caso, não foi comunicada do depoimento, nem tão pouco da antecipação do horário da ouvida. Sobre a justificativa dada em nota oficial pela Polícia Civil, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Cláudio Ferreira, afirmou que o delegado poderia ter solicitado proteção policial na frente da delegacia, caso entendesse necessário. "Em relação a esse argumento, se não houver uma comprovação de que não haveria meios de garantir essa integridade, torna-se difícil para o delegado, depois dessa atitude, continuar conduzindo o inquérito."

Encontro de Mirtes e Sarí

Após passar horas do lado de fora da delegacia, a mãe de Miguel conseguiu conversar com Sarí Côrte Real. Emocionada, ela falou com os jornalistas sobre o encontro e afirmou que a ex-patroa "é um monstro".

De acordo com Mirtes, na conversa, a primeira-dama disse para ela não que não apertou o botão do elevador, em que Miguel foi deixado sozinho e que a mulher não pediu desculpas pela morte da criança. As falas de Sarí foram contestadas pela mãe do garoto, porque imagens do sistema de câmeras do edifício, divulgadas após a queda do menino, mostram que a patroa da mãe da criança apertou um botão do elevador em andar superior ao que morava e liberou a porta do equipamento com o menino sozinho dentro dele.

Antes de conversar com a ex-patroa, a mãe do menino, já havia informado que só sairia do local quando ficasse frente a frente com Sarí. "Ela acabou com a minha vida. Não tenho mais saúde por culpa dela. Ela matou meu filho. Eu tinha que vir para dizer uma verdade na cara dela", disse a mãe.

O caso

O menino Miguel era filho de Mirtes, empregada doméstica de Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, município localizado no Litoral Sul de Pernambuco. Mirtes havia deixado o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. Ao voltar para o prédio, ela se deparou com o filho praticamente morto. Miguel morreu no Hospital da Restauração. Para a mãe de Miguel, faltou paciência da patroa com o filho.

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