Investigação

Caso Miguel: Manicure depõe e diz que estava aguardando ser chamada pela polícia

O gerente de operações do prédio também compareceu à delegacia

JC
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Publicado em 12/06/2020 às 10:42 | Atualizado em 12/06/2020 às 13:36
WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM
A manicure identificada como Elaine prestou depoimento à polícia - FOTO: WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

A manicure identificada apenas como Eliane, compareceu à Delegacia de Santo Amaro, na manhã desta sexta-feira (12), para prestar depoimento sobre a morte do menino Miguel Otávio, de 5 anos. Ela estava no apartamento de Sarí Gaspar Corte Real - ex-patroa da mãe de Miguel - que deixou a criança sozinha no elevador antes do menino cair do 9º andar do prédio Pier Maurício de Nassau, no Centro do Recife. Na chegada à delegacia, ela preferiu não gravar entrevista, mas informou que não prestou depoimento antes, pois estava aguardando o chamado da polícia.

O gerente de operações do prédio, Tomaz Silva, também compareceu à delegacia e disse Sarí ajudou a mãe a socorrer a criança e disse que as normas de segurança não pedem tela de proteção nos espaços onde a criança caiu. Já o delegado Ramon Teixeira, responsável pelo caso, disse que só vai falar sobre o assunto após a conclusão do inquérito.

>> Funcionário do condomínio onde menino Miguel morreu presta depoimento

Depois que a manicure prestou depoimento e deixou a delegacia, o advogado Irineu Pereira falou rapidamente com a reportagem da TV Jornal. "Ela não estava presente em todos os momentos do ocorrido. Ela se manteve dentro do apartamento e foi repassado isso. Acredito que posteriormente ela pode dar uma declaração ou fazer uma nota para vocês", disse. 

Até o momento, Sarí Côrte Real, que é primeira-dama do município de Tamandaré, não prestou depoimento. Segundo relatou seu advogado, uma petição já foi feita e está no aguardo do delegado intimá-la para comparecer na delegacia e prestar um novo depoimento. No dia 2 de junho, Sarí esteve na delegacia, mas ficou em silêncio. Ela foi indiciada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e responde em liberdade após pagar fiança de R$ 20 mil.

O condomínio onde Miguel morreu já passou por três perícias desde o último dia 2 de junho. Ainda não há informações de quando o resultado será entregue ao delegado Ramón Teixeira, mas o prazo inicial para concluir as investigações é até o dia 2 de julho. 

Caso Miguel

O menino Miguel era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de um dos apartamentos do edifício localizado na área central do Recife. A patroa dela, Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), foi presa em flagrante, autuada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e liberada, após pagamento de fiança, por ter deixado Miguel sozinho dentro do elevador do prédio.

Ao sair, a criança caiu de uma altura de 35 metros. O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. Ao voltar para o prédio, ela se deparou com o filho praticamente morto. Miguel ainda foi socorrido para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Para a mãe de Miguel, faltou paciência da patroa com o filho. Confira a entrevista

MPPE pode mudar tipificação de crime

A Polícia Civil deve encaminhar ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), nos próximos dias, a conclusão do inquérito sobre a morte de Miguels. Segundo o delegado Ramon Teixeira, a suspeita foi negligente por deixar Miguel usar um elevador sozinho, mas não teve a intenção de matá-lo. A pena para esse crime é de até três anos de detenção. Na prática, a Justiça pode decidir que Sarí deve prestar serviços à comunidade, por exemplo. Mas, claro, essa pena dependerá da interpretação do juiz.

Mas o caso ainda pode ter uma reviravolta. Quando o inquérito chegar ao MPPE, o promotor de Justiça responsável irá analisar provas materiais e depoimentos. E decidirá se denuncia Sarí Côrte Real por homicídio culposo ou doloso (quando há intenção de matar). Advogados criminalistas, ouvidos em reserva pela coluna Ronda JC, afirmam que o promotor pode, sim, interpretar que a patroa da mãe de Miguel agiu com dolo eventual, pois uma criança daquela idade jamais poderia estar sozinha em um elevador. Na visão dos criminalistas, ela era responsável pelo menino naquele momento e deveria ter impedido a ação. Caso o promotor decida denunciar por homicídio doloso, Sarí Côrte Real poderá ser levada à júri popular. Neste caso, a pena pode chegar a 20 anos de prisão.

Prefeito de Tamandaré diz estar "profundamente abalado"

Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura de Tamandaré informou que o prefeito do município, Sérgio Hacker Corte Real, se encontra "profundamente abalado" pela morte de Miguel. O gestor é casado com Sari Corte Real, que foi responsabilizada por deixar a criança sozinha no elevador antes de cair de uma altura de 35 metros. Ainda em nota, a Prefeitura afirmou que Sérgio vai prestar informações aos órgãos competentes "no momento próprio e de forma oficial".

Mirtes Renata Santana da Silva consta como funcionária da Prefeitura Municipal de Tamandaré. A informação está registrada no cadastro da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), órgão ligado ao Ministério da Economia. Nos dados, aparece como data de admissão da funcionária o dia 01 de fevereiro de 2017. Não há registro de data de desligamento.

Confira nos vídeos abaixo a cobertura da TV Jornal sobre o Caso Miguel

O caso

Câmeras mostram menino no elevador

Dor na despedida

Mãe soube de carta pela imprensa

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