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Advogado diz que Sarí Corte Real ainda não prestou depoimento e "delegado será o primeiro a ouvi-la"

"O delegado que não conhece a versão dela deve ser o primeiro a ouvi-la. Por isso que nesse primeiro momento ela não fala com a imprensa", defendeu.

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Publicado em 08/06/2020 às 13:29 | Atualizado em 09/06/2020 às 16:10
REPRODUÇÃO/ REDES SOCIAIS
A mãe e a avó de Miguel trabalhavam na casa de Sarí (foto) e Sérgio Hacker - FOTO: REPRODUÇÃO/ REDES SOCIAIS

Com informações da TV Jornal

Autuada em flagrante por homicídio culposo, presa e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil, a primeira-dama de Tamandaré Sarí Corte Real preferiu não prestar depoimento quando foi encaminhada à delegacia, no dia da morte do menino Miguel, de 5 anos. A informação foi dada pelo advogado que a representa, Pedro Avelino, em entrevista à TV Jornal, nesta segunda-feira (8).

"A investigação que corre em sigilo conta com várias outras imagens que têm uma narrativa diferente
do que muitas vezes é veiculado na imprensa. Então a gente precisa aguardar o fim das investigações pra tomar qualquer tipo de conclusão", afirmou. "O delegado que não conhece a versão dela deve ser o primeiro a ouvi-la. Por isso que nesse primeiro momento ela não fala com a imprensa", defendeu.

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O advogado ainda comentou sobre a convivência da patroa com a mãe e a avó de Miguel, Mirtes Renata e Marta. "Ela tinha uma relação muito boa com dona Mirtes, com a mãe de Mirtes, e especialmente com Miguel, que brincava com seus filhos. Então ela está muito triste com toda essa tragédia, porque nunca passou pela sua cabeça o que aconteceria."

O primeiro pronunciamento público de Sarí desde a morte de Miguel, na segunda-feira (1º), foi uma carta que ela divulgou aos veículos de comunicação. Nela, a esposa do prefeito Sergio Hacker pede perdão a Mirtes. A empregada, no entanto, respondeu que nunca recebeu o pedido de desculpas, e que ficou sabendo do texto pela televisão.

Técnicos fazem perícia na escada de serviço de prédio no Recife onde morreu menino Miguel

O Instituto de Criminalística (IC) chegou, durante a manhã desta segunda-feira (8), ao condomínio de luxo do Edifício Pier Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, para realizar a terceira perícia no local desde o incidente que tirou a vida do pequeno Miguel, de 5 anos.

O endereço é onde o menino, filho da empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza, morreu depois de ser enviado sozinho de elevador pela patroa da mãe, Sarí Côrte Real, a um andar mais alto e cair de uma altura de 35 metros enquanto a procurava.

A equipe do IC é composta por fotógrafo, desenhista, engenheiros civil, mecânico e nuclear. De acordo com o perito André Amaral, responsável pelo caso, a perícia será feita na área da escada de serviços, onde não há câmeras de segurança.

Os técnicos vão medir quanto tempo Miguel gastou para sair do quinto andar e chegar até o nono. O resultado, que deverá sair em cerca de 1 hora, será anexado ao inquérito.

Técnicos do TCE estão dentro da Prefeitura de Tamandaré

Auditores do Tribunal de Contas do Estado estão, na manhã desta segunda-feira (8) dentro da Prefeitura de Tamandaré. Resolveram fazer um cruzamento de dados para verificar o vínculo, não só da mãe do menino Miguel Otávio, que morreu após cair do nono andar de um prédio no Recife, Mirtes Renata Santana de Souza com a administração municipal, como também de outras pessoas que possam estar em situação semelhante.

Depois que a repórter Ciara Carvalho, do JC, descortinou a possível fraude, políticos locais resolveram denunciar não apenas o caso de Mirtes, mas a prática, segundo eles, comum na gestão. Um dos que passou a acusar o atual prefeito Sérgio Hacker (PSB) foi o vice-prefeito do município, Raimundo Nonato (PTB). Ele confirmou a existência de funcionários fantasmas na gestão. Nonato rompeu com o colega de prefeitura após a eleição.

Missa de sétimo dia de Miguel será online; veja como acompanhar

Em memória do menino Miguel, de 5 anos, que perdeu a vida ao cair do nono andar de um dos edifícios de luxo no Centro do Recife, uma missa de sétimo dia online será realizada pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do Ibura, Zona Sul do Recife.

A liturgia, realizada pelo Frei Dennys Pimentel, será transmitida na segunda-feira (8), às 19h30, pelo canal no Youtube da paróquia. Para acompanhá-la, acesse a página por este link ou no vídeo abaixo:

 O caso

Miguel era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de um dos apartamentos do Condomínio Píer Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, no bairro de Santo Antônio.

A patroa dela, Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), foi presa em flagrante, indiciada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil.

O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Sarí mandou Mirtes passear o cachorro da família e se responsabilizou por olhar o garoto.

Imagens do circuito interno de vigilância, divulgadas pela Polícia Civil de Pernambuco na quarta-feira (3), mostram que a patroa deixou a criança entrar sozinha no elevador para procurar a mãe e o enviou para um andar acima do que estavam. Perdido, o pequeno Miguel teria entrado no vão de um dos condensadores de ar, e, ao ver Mirtes no térreo, teria caído de uma altura de 35 metros.

Ao voltar para o prédio, a empregada se deparou com o filho praticamente morto. Miguel ainda foi socorrido, mas não resistiu. Para ela, faltou paciência da patroa com o filho.

Hoje, Mirtes e demais parentes clamam por justiça. Na última sexta-feira (5), às 15h, a família se uniu a manifestantes para protestar em frente ao edifício onde Miguel morreu.

O caso vem gerado repercussão e comoção nacional. Mais de 2,5 milhões de pessoas já haviam assinado a petição que cobra por justiça pela vida do menino até às 18h55 deste domingo. O abaixo-assinado, criado na quarta, faz um apelo à Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

A conclusão do inquérito policial deverá ser encaminhada ao MPPE nos próximos dias. Sarí foi autuada por homicídio culposo, - crime cuja pena pode chegar a até 3 anos de detenção -, porque, na visão do delegado Ramon Teixeira, a suspeita foi negligente por deixar Miguel usar um elevador sozinho, mas não teve a intenção de matá-lo.

Mesmo assim, o caso pode ter um rumo diferente ao chegar no Ministério Público. Caberá ao promotor de Justiça responsável analisar provas materiais e depoimentos e decidir se denunciará Sarí Côrte Real por homicídio culposo ou doloso (quando há intenção de matar).

Advogados criminalistas, ouvidos em reserva pela coluna Ronda JC, afirmam que o promotor pode, sim, interpretar que a patroa da mãe de Miguel agiu com dolo eventual, pois uma criança daquela idade jamais poderia estar sozinha em um elevador.

Na visão dos criminalistas, ela era responsável pelo menino naquele momento e deveria ter impedido a ação. Caso o promotor decida denunciar por homicídio doloso, Sarí Côrte Real poderá ser levada à júri popular. Neste caso, a pena pode chegar a 20 anos de prisão.

Confira nos vídeos abaixo a cobertura da TV Jornal sobre o Caso Miguel

O caso

Câmeras mostram menino no elevador

Dor na despedida

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