Caso Miguel

MPPE recebe inquérito que indiciou Sarí Corte Real pela morte de Miguel

Promotoria terá um prazo de 15 dias, de acordo com o Código de Processo Penal, para apontar se denunciará ou não a ex-patroa da mãe da criança

Ciara Carvalho
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Ciara Carvalho
Publicado em 03/07/2020 às 20:56 | Atualizado em 03/07/2020 às 21:59
BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM
02.07.2020 - Fotos : Brenda Alcântara - Missa de 30 dias da morte de Miguel. A missa aconteceu na Igreja Católica do Barro. - FOTO: BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recebeu, na tarde desta sexta-feira (3), o inquérito que investigou a morte do garoto Miguel Otávio de Santana, 5 anos, que caiu de um prédio de luxo na região central do Recife, no dia 2 de junho. No documento, concluído na última quarta-feira (1º), a Polícia Civil indiciou Sari Corte Real, ex-patroa de Mirtes Souza, mãe da criança, por abandono de incapaz com resultado morte. A pena prevista para o crime é de 4 a 12 anos de prisão. Em nota, o MPPE informou que a “Central de Inquéritos irá fazer a distribuição para o promotor de Justiça responsável que irá realizar a análise dos autos”.

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O promotor escolhido terá um prazo de 15 dias, de acordo com o Código de Processo Penal, para apontar se denunciará ou não a ex-patroa da mãe da criança. O promotor também poderá solicitar novas ações à Polícia Civil. Caso haja condenação conforme o indiciamento da polícia, a pena será cumprida em regime fechado (se for superior a 8 anos) ou semiaberto.

Miguel caiu do 9º andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torres Gêmeas, localizado no bairro de São José, Centro do Recife. Ele foi deixado no elevador, enquanto sua mãe, Mirtes Souza, passeava com o cachorro da família. Com três volumes e quase 500 páginas, o inquérito reuniu mais de 20 depoimentos, incluindo moradores e funcionários do prédio.

ABANDONO DE INCAPAZ

Na entrevista coletiva online para apresentação da conclusão do inquérito, o delegado Ramon Teixeira, responsável pelas investigações, afastou a hipótese de homicídio doloso. O policial afirmou, no entanto, que a conduta da acusada de permitir o fechamento da porta do elevador, deixando a criança sozinha, foi dolosa, feita de forma deliberada e decisiva para que a situação resultasse na morte de Miguel.

“A conduta de permitir o fechamento da porta, claramente intencional, conduziu a criança à área de insegurança, diante dos vários riscos existentes no edifício. Com essa ação, diversas poderiam ser as formas de encontrar o resultado para morte indesejável, mas previsível”, afirmou o delegado.

Em nenhum momento, após o fechamento da porta do elevador, Sarí agiu para tentar ajudar a criança. Pelo contrário. Segundo o delegado Ramon Teixeira, a acusada voltou ao apartamento para fazer as unhas com a manicure que estava em sua casa. Nenhum funcionário do prédio foi acionado para localizar o garoto nem a moradora tentou fazer com que o elevador voltasse para o 5° andar, onde fica o apartamento da família.

Ainda segundo Ramon Teixeira, o abandono de incapaz ocorreu de forma dolosa, com intenção, por Sari. A morte, no entanto, poderia ter acontecido não apenas pela queda, mas por várias outras possibilidades de risco no prédio.

INSTAGRAM HACKEADO

Nesta sexta-feira, Mirtes Souza afirmou que sua conta no Instagram foi hackeada. Segundo ela, todas as fotos foram apagadas do perfil. Ela disse que só percebeu que o perfil foi hackeado no dia 26 de junho. Mirtes ainda não prestou uma queixa na delegacia, mas já comunicou aos seus advogados sobre o caso. Ao ser informada da situação, a assessoria do Instagram disse que entraria em contato com Mirtes para saber o que exatamente aconteceu e que providências podem ser tomadas.

“O nome do perfil permanece o mesmo, só que não tem mais nada nele. Já tentei colocar meu e-mail, modificar a senha, e nada. Apagaram todas as fotos dele”, contou. Segundo ela, a última publicação feita na rede social foi sobre o enterro do filho. Miguel foi velado e sepultado no Cemitério de Bonança, no município de Moreno, Zona da Mata de Pernambuco, no dia 4 de junho. “Depois eu não mexi mais. Só estava utilizando o perfil para conversar com algumas pessoas”, afirmou Mirtes.

A mãe do menino informou que está conversando com seus advogados para decidir o que fazer. “Eles vão analisar a situação e ver qual a medida mais adequada a tomar”, completou. O perfil hackeado possui uma única publicação, postada no dia 4 de junho de 2020. Mirtes ainda disse que, por enquanto, não irá criar uma nova conta no Instagram.

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