Entrevista

Caso Miguel: "Eu sinto que fiz tudo que podia", diz Sarí Corte Real

Sarí Corte Real, indiciada pela morte da criança, falou pela primeira vez sobre o caso em entrevista ao Fantástico

Renata Monteiro
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Publicado em 05/07/2020 às 23:43 | Atualizado em 05/07/2020 às 23:55
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05.07.2020 - Reprodução - Entrevista de Sarí - FOTO: REPRODUÇÃO

Pouco mais de um mês após a morte do pequeno Miguel Otávio de Santana, de 5 anos, que no dia 2 de junho caiu do 9º andar de um prédio de luxo na área central do Recife, a primeira-dama do município de Tamandaré, Sarí Corte Real, indiciada pela morte da criança, falou pela primeira vez sobre o caso. Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, a ex-patroa de Mirtes Souza, mãe do menino, disse que fez “tudo o que podia” na ocasião para convencer o garoto a sair do elevador e que, caso venha a ser condenada, cumprirá a pena que a Justiça determinar.

“Eu sinto que fiz tudo o que eu podia. Se eu pudesse voltar no tempo, eu voltaria, se soubesse que isso ia acontecer, eu tentaria fazer mais do que eu fiz naquela hora. Não sei o que eu faria diferente, naquela hora eu fiz tudo o que eu podia, mas em nenhum momento eu fiz aquilo prevendo o que iria acontecer”, afirmou Sarí.

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Durante a entrevista, a esposa do prefeito Sérgio Hacker (PSB) também deu sua versão sobre tudo o que ocorreu no dia da morte de Miguel e contestou pontos do inquérito elaborado pela Polícia Civil. De acordo com as investigações, por exemplo, ao deixar a criança no elevador, Sarí teria apertado o botão da cobertura e retornado ao seu apartamento para continuar a fazer as unhas com uma manicure. Ela nega. “Não deu tempo de sentar. Naquela situação não tinha como (voltar para fazer as unhas)”, cravou.

Ao ser questionada sobre o porquê de não ter retirado a criança a força de dentro do elevador, Sarí afirmou que não se “sentiu segura” para chamar a atenção do menino e que acreditava que ele retornaria sozinho ao andar onde fica o seu apartamento. “O maior contato que eu tive com Miguel foi durante esses dois meses, na pandemia, e todas as vezes em que foi necessário chamar a atenção dele, eu solicitei à mãe ou à avó para fazer isso. Eu nunca me dirigi diretamente a ele para repreendê-lo. Eu não me senti segura para isso”, detalhou a primeira-dama.

Na última sexta-feira (3), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recebeu o inquérito que apurou as circunstâncias da morte de Miguel e culminou com o indiciamento de Sarí por abandono de incapaz com resultado morte. Na visão do delegado Ramon Teixeira, responsável pelo caso, houve “dolo de abandonar” por parte da primeira-dama.

"Vou acatar"

Depois que o inquérito for distribuído no MPPE, o promotor que for destacado para cuidar dele terá 15 dias para informar se vai ou não denunciar Sarí. Se for condenada, a ex-patroa de Mirtes pode ter que cumprir de 4 a 12 anos de prisão. “Se lá na frente o resultado for esse (a condenação),eu vou cumprir o que a lei pedir. Eu acho que está nas mãos da Justiça, não cabe a mim, não cabe à mãe de Miguel julgar e não cabe à sociedade. Eu vou acatar o que a Justiça decidir”, declarou.

Sobre as declarações de Sarí, Mirtes disse esperar que a ex-patroa seja punida pela morte do seu único filho. “Ela acabou com a minha vida. (...) Eu não tenho mais o meu neguinho por conta da irresponsabilidade dela, por conta da vaidade dela. Que ela pegue a pena máxima”, disparou.

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