"Com a retomada de vários setores da economia, muitos pais voltaram às suas atividades, porém, nem todos possuem uma rede de apoio para cuidar das crianças em tempo integral." Foi com essa frase de abertura que um grupo de cinco creches e pré-escolas recifenses lançou um vídeo, nesta segunda-feira (6), pressionando pelo retorno dos espaços, que atendem crianças de até 5 anos. Assim como está acontecendo com as escolas, ainda não há definição de quando essas instituições dedicadas à primeira infância poderão voltar a funcionar.
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A empresária Carolina Montenegro, uma das proprietárias do Espaço Sementinha, localizado em Setúbal, Zona Sul do Recife, relata que, além da pressão das famílias, o segmento sofre com a redução de receita provocada por desistências e inadimplências. "As famílias estão pressionando de um lado, querendo o serviço porque precisam. Do outro lado, há uma inércia com relação a localizar a educação nesse cenário. A gente não tinha protocolo, criamos com base no que está sendo publicado no mundo. Não temos nem perspectiva e o que recebemos é que ainda não se sabe. Não sabemos se a reabertura vai ser daqui a duas semana ou dois meses. Fora que os negócios são pequenos. Vemos notícias de escolas fechando a cada dia porque os pais começam a desistir", diz.
A rescisão de contratos, segundo a empresária, chega a 60%. A situação é pior nas creches que não possuem a continuidade da educação infantil, já que não há obrigatoriedade, para essa faixa etária, de completar ano letivo. "Os negócios estão se sustentando com 30% a 40% da receita. Não temos como entregar nosso serviço delivery ou fazer remoto porque é presença, cuidado, atenção, não tem alternativa", explica.
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A campanha pela reabertura inclui ainda Espaço Bambolê, Escola Meu Caminhar, Escola Raízes e Bercinho de Ouro. Na avaliação do grupo, o debate em torno da volta às aulas foca sempre nas instituições que atendem alunos mais velhos, colocando as unidades dedicadas à primeira infância em segundo plano. "A gente percebeu que o segmento, por ser muito pequeno, não estava sendo olhado, analisado. Se falava o tempo inteiro de educação, sempre relacionando aos mais velhos. Vimos que estava muito claro que não existia um plano pronto para a primeira infância porque o medo era muito grande das crianças entrarem em contato umas com as outras e o plano de retomada ir por terra, mas temos protocolo mostrando como essa retomada pode ser segura. Nos unimos para que as autoridades possam olhar mais atentamente", afirma Carolina.
No último censo do IBGE, em 2018, o Recife aparece com 400 creches particulares que acolhiam 12.858 crianças. A reportagem buscou a Secretaria de Educação do Recife por um posicionamento, mas a pasta disse se tratar de uma determinação do Governo de Pernambuco. O espaço está aberto para resposta da Secretaria de Educação do Estado.
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Aulas presenciais suspensas em Pernambuco
As aulas presenciais em Pernambuco, em escolas, faculdades e universidades públicas e privadas, estão suspensas até 31 de julho por causa da covid-19, por decreto estadual. Na proposta do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe) entregue ao governo do Estado, a retomada das aulas começaria com as turmas de educação infantil, o 1º e o 9º ano do ensino fundamental e as três séries do ensino médio, no dia 21 de julho.
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