Não é preciso caminhar muitos metros para observar a situação dos equipamentos construídos ao longo dos doze quilômetros da orla de Olinda, no Grande Recife. Basta tentar acessar a faixa de areia e o primeiro problema já se anuncia. As escadarias, que dão acesso ao mar, estão em mau estado de conservação, chegando a representar perigo de queda para quem tenta utilizá-las. Parar para olhar a paisagem ou conversar pode ser um desafio, já que muitos bancos estão destruídos pela ação do tempo e falta de manutenção. As queixas de moradores também têm horário: à noite, quando a iluminação insuficiente, somada à insegurança, afasta os pedestres e ciclistas do local.
Os problemas não param por aí. "O que a gente observa aqui na orla é uma espécie de abandono, tanto da parte estrutural, que está toda acabada, quanto na segurança, que a gente não tem", relata o funcionário público Adilson Campelo, 69 anos, que sempre realiza caminhadas pela área de Bairro Novo. Sem pertences de valor, como carteira, relógio e celular, por medo de ser assaltado, o homem comenta que um fator intensificou a insegurança durante a pandemia do novo coronavírus. "O calçadão virou rota de ciclista, eu vejo a hora acontecer um acidente. A ciclofaixa está aí e não usam, ficam no calçadão a ponto de nos atropelar. Isso piorou depois da pandemia. Não tem fiscalização e as pessoas continuam fazendo o que querem", declara.
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Com a maior parte das escadarias da orla nos bairros de Casa Caiada, Bairro Novo e Rio Doce feitas de madeira, muitas apresentam falta de degraus, apoio para as mãos ou estão com a estrutura instável. Algumas, inclusive, se seguram com a ajuda de "gambiarras" construídas pelos próprios frequentadores das praias. Até as escadarias que são feitas de concreto mostram sinais da falta de manutenção. Com as estruturas internas enferrujadas, os bancos, também de concreto, se encontram quebrados e faltam em alguns pontos.
ILUMINAÇÃO
"Tenho observado as escadas quebradas. Os bancos são utilizados pelo pessoal e eles estarem quebrados atrapalha um pouco. Eu acho que já foi bem pior, eles estão procurando consertar. Tem uma certa manutenção, mas a gente observa que, principalmente as escadas, estão bem deterioradas", relata a psicóloga Ana Paula Ferreira, 51 anos, que mora em Olinda há 28 anos. Para ela, a principal dificuldade em utilizar a orla é a iluminação precária. "À noite, aqui no calçadão, tem uma parte que é bem escura, mais em Bairro Novo. É por isso que eu evito esse horário", completa.
A técnica operacional Joana D'Arc Santos, 44 anos, costuma ir à praia de Olinda para fazer caminhadas e andar de bicicleta. Segundo ela, a ciclovia e o calçadão são os pontos positivos do espaço. Em março de 2019, as estruturas passaram por requalificação em Bairro Novo. Foram feitos serviços como recuperação do piso, pintura e sinalização renovada em um trecho de 1,3 quilômetro. "A ciclofaixa é boa. Mas quando estou caminhando, e quando estou na minha bicicleta, observo muito banco quebrado, e a aparência de que está descuidado. É importante a manutenção porque esta área é uma parte boa da cidade de Olinda, uma parte de lazer", diz a técnica operacional.
Outro desafio para banhistas e visitantes que chegam às praias da cidade é a utilização de sanitários. Com estruturas fechadas com tapumes, e edificações pichadas e mal cuidadas, não há muita opção para quem precisa fazer uso das estruturas. "Existe, que eu conheça, só um, que fica perto do quiosque da saúde, mas ele tem cadeado. No mais, não tem banheiro para banhista", conta a aposentada Maria Eugênia da Costa, 56 anos. Ela reclama também da falta de lixeiras e de locais para depositar os resíduos produzidos pelos moradores dos prédios.
Projetos ainda em avaliação
Questionada sobre os problemas encontrados na orla e os apontados por moradores e banhistas, a Prefeitura de Olinda informou que existem dois projetos para fazer a manutenção e melhorar a iluminação do espaço. Um deles se trata de chamada pública, em que uma empresa será escolhida para recuperar diversos equipamentos, incluindo as 22 escadarias de madeira e as de concreto, bancos, pinturas, brinquedos e sinalização.
"Estamos em fase final da construção do edital, colocando as normas técnicas para que as empresas possam seguir. Mas a ideia é recuperar os degraus das escadarias que estiverem quebrados e recuperar as que são de concreto", conta a diretora de Atenção Especial de Manutenção Urbana de Olinda, Kelly Brito.
De acordo com a prefeitura, a expectativa é de que as obras tenham início em 30 dias. "No momento, estamos fazendo levantamento, avaliando se quiosques e banheiros também serão incluídos na chamada pública", afirma. A gestão disse ainda que disponibiliza, em alguns períodos do ano, banheiros químicos e que, devido à pandemia, não há agora este tipo de equipamento.
Sobre a iluminação, existe um outro projeto da prefeitura que pretende fazer a troca da fiação e do formato dos postes, que são bastante antigos. A licitação ainda não foi realizada, portanto, não há prazo para a substituição. A prefeitura acrescenta que a fiscalização no local é feita pela Secretaria de Trânsito e Transporte de Olinda e pela Guarda Municipal.
Mesmo a reportagem encontrando lixos sem sacolas plásticas, o poder público relatou que as lixeiras são repostas, e que o flagrante deve ter ocorrido "entre o recolhimento realizado pela empresa responsável e a reposição".
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