PE-15, via que corta Olinda e Paulista, é a representação do abandono

São os muitos pontos de reclamação sobre a rodovia. Entre eles, desativação das estações de BRT, abandono de obras, engarrafamento, buracos, lixo acumulado, entre outros
Mayra Cavalcanti
Publicado em 14/08/2020 às 7:14
Buracos, lixo, vegetação alta, pontos de BRTs desativados é esse o cenário da PE15 ao longo de todo seu percurso. Foto: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM


São 12,7 quilômetros de extensão, passando pelas cidades de Olinda e Paulista, ambas na Região Metropolitana do Recife (RMR), e muitos problemas. Lixo, falta de sinalização, buracos na pista e mato são apenas alguns dos elementos que compõem o cenário, há anos, de quem passa pela PE-15. Com dois grandes terminais integrados, da PE-15 e o Pelópidas Silveira, a desativação de todas as 12 estações de BRT do Corredor Norte-Sul que foram construídas na rodovia estadual é mais um ponto de reclamação de quem utiliza o transporte público diariamente.

Além das paradas desativadas desde abril deste ano, devido à queda na quantidade de passageiros ocasionada pela pandemia do novo coronavírus, uma delas não teve sua construção concluída. A estrutura, que fica na cidade de Paulista, em frente ao North Way Shopping, segue incompleta desde 2017, quando sua edificação começou a ser feita. O abandono da obra retrata também a situação de boa parte das estações que ficam no Corredor Norte-Sul. Os tapumes colocados para impedir a entrada de pessoas, enquanto as estações estão desativadas, não fizeram o efeito necessário, já que várias foram alvos de roubos e tiveram a estrutura danificada.

Basta olhar através do vidro - muitas vezes quebrados - que é possível ver fiações soltas, muito lixo e equipamentos danificados na parte de dentro das estações, estruturas estas que estão fazendo falta para os passageiros. É o caso da dona de casa Elva Andelina, de 59 anos. Moradora do município de Olinda, ela conta que a desativação atrapalhou bastante o deslocamento. "Apesar de ali dentro também não estar boa coisa, aqui ficamos completamente expostos. A gente se sentia mais seguro pelo aspecto de chuva, de ter sempre gente lá dentro", comenta Elva, que também reclama da dificuldade em atravessar a rodovia, devido à falta ou demora dos semáforos.

"É muito movimentado, difícil para atravessar. O único sinal que tem ainda é perigoso, porque a gente não vê quem está vindo", completa. O aposentado Waldir Magalhães, de 61 anos, mora em Abreu e Lima e utiliza a PE-15 todos os dias, seja de carro ou de ônibus. Para ele, os maiores problemas são o engarrafamento e a má qualidade da pista, somado à desativação das estações de BRT. "A gente passa 30 a 45 minutos para pegar um ônibus, até para ir para a cidade. Isso está um descaso. Ninguém fala nada, não diz se vai melhorar. De pior a pior", relata.

O problema é de conhecimento da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Habitação (Seduh), responsável pelas obras do Corredor Norte-Sul. Por meio de uma nota, o órgão explicou que, antes da pandemia, o Grande Recife Consórcio investia R$ 15 mil na manutenção de cada estação de BRT e que, no começo do ano, havia registrado a necessidade de reparo nas estruturas, após atos de vandalismo e depredação. "Por isso, as Estações do Corredor Norte/Sul foram tapumadas como parte dos trabalhos de manutenção destes espaços. No momento, não há previsão de reativação destas Estações uma vez que a demanda no entorno ainda é muito baixa", diz o órgão.

Para quem trafega pela rodovia estadual, o cenário dá uma melhorada à medida que avança e chega ao município de Paulista. Enquanto a reportagem encontrou diversos pontos com lixo acumulado e vegetação alta na parte da PE-15 que fica em Olinda, na cidade vizinha a situação é um pouco melhor, com toda a vegetação, tanto do canteiro central, quanto das calçadas, capinada. Outro ponto observado pela reportagem é a quantidade de buracos na faixa exclusiva de ônibus, somado à falta de sinalização. Em vários locais, os motoristas dos coletivos têm que reduzir a velocidade para passar pelas crateras que se abriram na pista.

A comerciante Taciana de Lima, de 36 anos, é dona de uma loja que fica às margens da rodovia estadual. Estando no local todos os dias há dois anos, alguns problemas viraram rotina para ela. "Tem muito lixo e buraco. Eles arrumam, mas acho que é só uma maquiada, porque logo em seguida já está cheio de buraco de novo", conta. Mesmo com a loja situada a poucos metros de uma passarela, Taciana fala da mesma dificuldade em atravessar a via citada por Elva, já que, segundo ela, utilizar a passarela "é perigoso". "Eu já vi gente caindo no meio da pista. É complicado porque o sinal não ajuda. Para os carros, é até rápido, mas para a gente atravessar é uma eternidade".

A administração da rodovia é dividida entre as gestões municipais (Olinda e Paulista), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PE) e a Seduh. Questionada sobre o acúmulo de lixo, mato e sobre a iluminação insuficiente, a prefeitura de Olinda esclareceu que é responsável apenas pelas margens da via, ficando o canteiro central a cargo do DER. Já as estações de BRT e os terminais integrados são de responsabilidade da Seduh e do Grande Recife Consórcio de Transporte.

"A Secretaria Executiva de Serviços Públicos de Olinda informa que a coleta de lixo domiciliar segue regular e diária na cidade e pede que a população contribua para a manutenção da limpeza da cidade. Uma equipe realizará vistoria esta semana para a realização dos serviços de capinação e remoção de lixo depositado de forma irregular", disse a gestão, por meio de uma nota. Sobre a iluminação, a prefeitura de Olinda afirmou que um estudo técnico está sendo realizado e, em até 15 dias, será iniciado um reforço na iluminação da área.

Sobre os buracos na faixa exclusiva de ônibus, a Seduh informou que está concluindo estudos que vão apontar as intervenções estruturais pelas quais a pista deve passar. "Ao término desses estudos, o serviço indicado será contratado", declarou o órgão. Já o DER-PE, por meio da assessoria de imprensa, declarou que, para melhorar a sinalização da via, existe um projeto em fase final de elaboração.

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