O policial penal Ricardo de Queiroz Costa, 40 anos, um dos envolvidos no tiroteio na Banca do Primo, ocorrido na noite de sábado, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, está internado em estado grave no Hospital Santa Joana, no bairro das Graças. A esposa dele, que preferiu não se identificar, conversou com o JC e contou como tudo aconteceu.
Na confusão, duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas. As vítimas fatais foram Claudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, 57 anos, e Ekel de Castro Pires, 62. Estão feridos e hospitalizados Ricardo e o major da PM José Dinamerico Barbosa da Silva Filho, 49, internado no Hospital Português, sem risco de morte. Na mesma unidade de saúde estão Eduardo Bernardo Gomes Insfran, 55; e Eva Valéria Alves do Nascimento, 55, ambos estáveis, sem gravidade.
Para o Hospital da Restauração foi levado George Mauro de Carvalho Vasconcelos, 70. Ele levou um tiro na cabeça, perto do olho. Passou por cirurgia no sábado à noite. Está na sala de recuperação, aguardando nova evolução. O seu estado de saúde é muito grave, segundo a assessoria do HR.
PRISÃO PREVENTIVA
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou a prisão preventiva do major da Polícia Militar e do policial penal envolvidos em um tiroteio em um bar no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, no sábado (5). Durante a troca de tiros, cinco pessoas ficaram feridas e duas morreram.
O policial militar José Dinamérico Barbosa da Silva Filho e o policial penal Ricardo de Queiroz Costa já haviam sido autuados e presos em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio, Segundo a Polícia Civil. No domingo (6), porém, durante audiência de cust&oac
Veja abaixo a entrevista da esposa de Ricardo. O JC tentou localizar a família do major Dinamerico para dar sua versão do fato, mas não conseguiu localizar ninguém.
JC - Vocês frequentam a Banca do Primo?
Esposa de Ricardo - Sim. Moramos perto e costumamos ir lá. É um local simples, bem familiar. Ricardo deu plantão na quinta e na sexta. No sábado, descansou à tarde. Meu filho queria comer caranguejo. Ricardo ligou para o bar e perguntou se ainda tinha porque o dono leva um caldeirão e às vezes acaba. Disseram que havia 10 caranguejos. Pedimos para separar para gente e fomos, no fim da tarde, eu, meu marido, meu filho e uma amiga nossa. O grupo que estava com esse major chegou depois. Eram vários homens, chegaram falando alto, chamando a atenção. Foram inclusive grosseiros com um dos garçons.
JC - Como começou a confusão?
Esposa - Estava comendo um caranguejo quando o garçom trouxe um espetinho que eu pedi. Fui na pia lavar as mãos. Percebi que o major estava me olhando. Ele soltou uma graça, mas meu marido não ouviu. Mas Ricardo notou que ele estava me observando e encarou ele. O major perguntou o que ele estava olhando. Ricardo disse que ele é que deveria explicar porque estava me encarando. Foi quando o major começou a dizer palavrões com meu marido. Ricardo respondeu. O major sacou a pistola e começou a atirar. Meu marido empurrou a cadeira e mandou meu filho correr. Reagiu atirando. Eu também corri, as pessoas começaram a gritar.
JC - Seu marido ficou muito ferido?
Esposa - O major deu muitos tiros. Eu não vi, mas disseram inclusive que ele recarregou a pistola. Um dos tiros foi direcionado à cabeça de Ricardo, que colocou a mão e por isso a bala atingiu o punho dele, deixando fratura exposta. Ricardo caiu e ainda levou outro tiro no joelho e um terceiro na região do púbis. Os homens que foram baleados estavam numa mesa vizinha à nossa, fumando charuto. Acho que não tinham nada a ver com o major.
JC - Quem socorreu Ricardo?
Esposa - Eu, meu filho e nossa amiga ficamos na esquina, tentando nos proteger e observando Ricardo. Quando ele cambaleou, no meio da rua, corri para pegar o carro. Levei-o para o hospital. Não sei como tive força para dirigir, só sendo coisa de Deus para me dar forças. Ricardo foi dizendo que estava sem conseguir respirar, falou que ia morrer, que tudo tinha acabado. Ao chegar no hospital, gritei pedindo socorro e ele foi logo levado para o bloco cirúgico. Um dos tiros perfurou bexiga e intestinos. Ele está na UTI e corre risco de morrer.
JC - Ricardo sempre saiu armado?
Esposa - Normalmente sim. Porque como é agente penitenciário e trabalha num grupo especial, com transporte de presos, costuma andar armado. Mas nunca podíamos imaginar que uma tragédia dessa acontecesse, fomos fazer uma programação familiar. Meu filho queria aprender a comer carangejo e Ricardo estava ensinando a ele. Meu marido apenas se defendeu. O major que parece que saiu de casa para fazer confusão. Desde a hora que chegou no bar foi incoveniente e desrespeitoso.
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