EDUCAÇÃO

Veja quais precauções devem ser tomadas na preparação das crianças para o retorno das aulas presenciais

O fato de ter que enviar os filhos de volta aos colégios, ao mesmo tempo em que os casos da covid-19 voltam a subir no Estado, tem preocupado pais e responsáveis

JC
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Publicado em 05/11/2020 às 17:05 | Atualizado em 05/11/2020 às 17:40
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Escolas têm que adotar protocolo sanitário específico da educação para ter aulas presenciais - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Em Pernambuco, após meses em casa se adaptando ao formato de ensino à distância, alunos do ensino infantil e fundamental vão começar a retornar às aulas presenciais nas escolas privadas a partir do dia 10 de novembro. Os que estudam do 6º ao 9º voltam já nesta primeira etapa, enquanto os do 1º ao 5º ano retornam a partir de 17 de novembro, seguindo cronograma definido pelo governo do Estado. Já o ensino infantil, será no dia 24. Apesar da notícia representar algo positivo para muitos, o fato de ter que enviar os filhos de volta aos colégios, ao mesmo tempo em que os casos da covid-19 voltam a subir no Estado, preocupa muitos pais e responsáveis. Tendo isso em vista, quais as precauções devem ser tomadas nesta retomada para preparação das crianças? A reportagem do JC conversou com especialistas de saúde infantil para elucidar tais questões. 

De acordo com estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ,em parceria com a Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o isolamento social gerou alterações no comportamento de 88% das crianças brasileiras. Sintomas como oscilações de humor, ansiedade, irritabilidade, depressão, tristeza, agressividade e aumento de apetite. Deste modo, o retorno gradual às atividades do dia a dia, como idas ao parque, praia e até mesmo à escola, seria um fator importante para a saúde mental das crianças neste período difícil.  

No entanto, esta retomada ao ambiente escolar, expondo a criança ao convívio social, pode representar alguns perigos.

“Uma criança que está há quase seis meses sem contato regular com o ambiente externo e o convívio social reduziu o seu contato com agentes, como bactérias, por exemplo, que movimentam a defesa natural do sistema imunológico4. Por isso, o retorno a essas atividades pode ser uma porta de entrada para cargas virais”, indica o pediatra Marcello Pedreira, Coordenador do Núcleo de Especialidades Pediátricas no Hospital Sírio-Libanês.

Febre, coriza e diarreia são sintomas de quadros virais mais comuns relatos por pais e responsáveis após o contágio por doenças como o rotavírus, segundo o Ministério da Saúde (MS). Segundo a médica pediatra Célia Dantas, é importante que os pais realizem uma preparação para a retomada. 

"É necessário falar abertamente sobre o vírus para que eles tenham uma compreensão sobre a pandemia. A grande maioria das crianças tem o privilégio da infecção leve ou é assintomática, mas existe a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que é associada ao coronavírus. É preciso ter cuidado", explicou a pediatra.

Ao todo, Pernambuco totaliza 24 ocorrências da Síndrome. Dessas, 23 tiveram resultado positivo para covid-19 e 1 teve contato comprovado com pessoas confirmadas para o novo coronavírus. Primeiros casos de SIM-P em Pernambuco foram divulgados em agosto. Até o momento, 13 casos são do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com idades entre 1 e 14 anos.

Durante a quarentena, muitas famílias acabaram adotando novos hábitos de alimentação, que, por sua vez, podem resultar em alterações na saúde das crianças. O consumo excessivo de alimentos processados, por exemplo, pode acarretar na deficiência de nutrientes e no enfraquecimento do sistema de defesa, deixando a criança mais vulnerável a diarreias e infecções. Por conta disso, o reforço do sistema imunológico por meio da alimentação deve ser garantido neste período.

"As crianças precisam ter uma alimentação adequada neste período para reforçar o sistema imunológico, então é interessante que elas comam frutas, verduras e carnes, pois são alimentos que as fortalecem bem", indicou a médica Célia Dantas. A pediatra deu orientações de como as crianças devem se comportar nas instituições de ensino, que podem ser conferidas no fim da matéria.

"Meus filhos não podem passar dois, três anos com aulas remotas esperando a vacina"

Mãe da pequena Luiza Mel Soares, de 7 anos, e de Arthur Rei Soares, de 14 anos, a fisioterapeuta Andréa Karla Soares, de 46 anos, moradora de Olinda, no Grande Recife, acredita que a falta de perspectiva do fim da pandemia é um fator importante para o retorno das aulas presenciais.

"Meus filhos não podem passar dois ou três anos com aulas remotas esperando a vacina. O novo normal vai ter que existir e estou preparando meus filhos para isso. Quando soubemos do retorno das aulas nos reunimos e conversamos sobre essa volta, levando em consideração que esse mês é um período de adaptação para eles perceberem como provavelmente será o ano que vem", contou a fisioterapeuta.

A fisioterapeuta também explicou à reportagem do JC que desde o início da pandemia tem orientado os filhos sobre os cuidados da doença, inclusive para a filha, que mesmo pequena consegue entender os perigos da doença e seguir as recomendações da mãe. Luiza Mel cursa o 1º ano, enquanto Arthur Rei estuda no 9º ano. 

"Estamos temerosos com uma possível segunda onda da pandemia mais forte, mas percebo que a minha filha mais nova, por exemplo, consegue obedecer as orientações que são repassadas. Por isso, me sinto mais segura", desabafou.

A segurança dos pais ao mandarem as crianças para escola é um fator muito importante para a psicóloga Karla Tabosa. De acordo com ela, os pais devem estar alinhados com a escola para se sentirem seguros e, consequentemente, passarem segurança para os filhos.

"Os pais devem ir nas escolas para visualizarem o ambiente, tirarem suas dúvidas e conversarem para saberem o que as crianças irão encontrar ao retornarem. Eles estando seguros e tranquilos vão estar passando isso para os filhos também", disse.

É preciso ter em mente que ao retornarem as aulas as crianças não encontrarão a escola que deixaram antes da pandemia. E, apesar de não saber exatamente como será o comportamento nas unidades de ensino, é esperado que as crianças maiores consigam levar o dia a dia nas salas de aula com mais facilidade do que as menores. Para a psicóloga, após um longo período de isolamento, o retorno das atividades devem ser benéficas para esses alunos. "Elas irão poder socializar e interagir com outras crianças. Vão poder sair de casa, correr de uma forma mais livre", o que poderá fazer bem a elas.

Como as crianças devem se comportar nas escolas, de acordo com a pediatra Célia Dantas

  • Evitar contato íntimo
  • Utilizar máscara de proteção e só retirar para se alimentar
  • Lavar as mãos com água e sabão
  • Fazer a utilização de álcool em gel

 

 

 

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