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Fogo Cruzado: desde 2019, uma mulher é baleada a cada três dias no Grande Recife

Só na Região Metropolitana do Recife (RMR) 252 mulheres foram baleadas desde 2019 até o dia 8 de março deste ano

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JC

Publicado em 08/03/2021 às 14:47 | Atualizado em 08/03/2021 às 15:31
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Nessa segunda-feira (8), Dia Internacional da Mulher, é comum ver diversas homenagens enaltecendo as mulheres. No entanto, essa não é a realidade vivenciada por muitas delas no dia a dia. Pelo contrário, várias são vítimas de crueldades, inclusive morte por arma de fogo. Só na Região Metropolitana do Recife (RMR), 252 mulheres foram baleadas desde 2019 até o dia 8 de março de 2021, de acordo com a plataforma Fogo Cruzado. Destas, 15 morreram e 137 ficaram feridas. Durante todo esse período, uma mulher foi baleada a cada 3 dias.

Em 2020, houve um aumento de 17% no número de mulheres baleadas em relação ao ano anterior, já que em 2019 o Estado registrou 109 vítimas, sendo 47 mortas e 62 feridas. E, em 2020, 128 mulheres foram baleadas, dessas, 61 morreram e 67 ficaram feridas. Até o dia 2 de março, 2021 já contou com 15 mulheres baleadas, sete delas vieram a óbito e 8 ficaram feridas.

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As mulheres do Grande Recife foram vítimas da violência armada em diferentes cidades, porém, o Recife foi o município que mais teve registros, com 83 vítimas de tiro por arma de fogo. Em seguida, os municípios de Jaboatão dos Guararapes (39), Cabo de Santo Agostinho (32), Olinda (24) e Paulista (19) foram os que tiveram mais registros.

Os números da plataforma são com base em informações de imprensa e comunicações oficiais das instituições de segurança em que o gênero das vítimas foi informado.

Idade

A idade não impediu que crianças, assim como adolescentes e idosas fossem vítimas da violência. De 2019 até agora, 13 crianças foram baleadas na Região Metropolitana do Recife. Dessas, três morreram e dez ficaram feridas. Entre as vítimas está a pequena Ana Gabriela Lima, de 2 anos, que foi atingida nas costas por uma bala perdida na Rua Jardim Tocandira, em Santa Rita, Igarassu, no dia 10 de maio de 2020.

As adolescentes também sofreram com a violência, 19 delas foram baleadas. Dessas, 8 morreram e 11 feridas. Camila Gabriela Lourenço da Silva, 16 anos, foi baleada no quadril no Jardim Jordão, Jaboatão dos Guararapes, no dia 28 de abril de 2019.

Já o total de idosas baleadas na RMR neste período foi quatro e todas sobreviveram. Isabel Amara dos santos, de 74 anos, foi atingida por uma bala perdida na Rua José de Farias, no Bongi, Zona Oeste de Recife, no dia 29 de outubro de 2020.

Motivações

O que motivou os tiroteios que mais deixaram mulheres baleadas foram homicídio e tentativa de homicídio, sendo, ao todo, 161 vítimas, em que 80 morreram e 81 ficaram feridas. Outro motivo também foi execução, que contabilizou 38 vítimas, sendo 24 mortas e 14 feridas. Ataque a civis, por sua vez, fez com que 18 mulheres fossem baleadas, em 15 foram mortas e três ficassem feridas. Já brigas causaram 12 vítimas, em que duas morreram e dez ficaram feridas, enquanto roubo e tentativa de roubo deixaram 11 mulheres baleadas, sendo três mortas e 8 feridas.

Balas perdidas

Estar no lugar errado na hora errada também vitimou mulheres no Grande Recife. Das 252 baleadas desde 2019, 31 foram vítimas de balas perdida: quatro delas morreram e 27 ficaram feridas. Entre as vítimas estavam Helena Maria da Conceição, Tarcísia Coelho da Silva, de 22 anos, e Maria das Neves Coelho, de 46. Elas foram atingidas durante um tiroteio na Avenida Agostinho Nunes Machado, no município de Itapissuma, no Grande Recife, no dia 16 de outubro de 2019.

Vítimas dentro de casa

De acordo com os dados do Fogo Cruzado, 21% das mulheres baleadas na Região Metropolitana do Recife sofreram as consequências da violência armada quando estavam dentro de casa: ao todo, foram 54 vítimas, no qual 32 morreram e 22 ficaram feridas.

Entre as vítimas estavam Gildenice Maria da Silva Souza, de 37 anos, e Dávila Lúcia Lobão Sales de Farias, de 21. As vítimas foram mortas a tiros ao serem surpreendidas após a casa de Gildenice ser invadida no dia 18 de novembro de 2019, no Cabo de Santo Agostinho.

Vítimas dentro de casa

21% das mulheres baleadas na Região Metropolitana do Recife sofreram as consequências da violência armada quando estavam dentro de casa: ao todo, foram 54 vítimas (32 morreram e 22 ficaram feridas).

Entre as vítimas estavam Gildenice Maria da Silva Souza, de 37 anos, e Dávila Lúcia Lobão Sales de Farias, de 21. As vítimas foram mortas a tiros ao serem surpreendidas após a casa de Gildenice ser invadida no dia 18 de novembro de 2019, no Cabo de Santo Agostinho.

A redação do JC procurou a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), mas ainda não teve resposta. 

#UmaPorUma

A violência contra a mulher é constante e frequentemente acaba em tragédia. Existe uma história para contar por trás de cada feminicídio, em Pernambuco. O especial Uma por uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações do crime, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis de vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime. Confira o especial Uma por Uma, sobre feminicídio.

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