"Vou tomar banho de praia, mas domingo estou aqui para comemorar seu aniversário", disse Patrícia à avó, antes de ser morta
A jovem de 22 anos, que foi passar alguns dias na casa de um amigo de infância em João Pessoa, na Paraíba, teria sido morta pelo rapaz
Com informações da repórter Rebeca Nunes, da TV Jornal Interior
Os últimos dias têm sido de desespero e incredulidade para a família da pernambucana Patrícia Roberta Gomes da Silva, encontrada morta nesta terça-feira (27). A jovem de 22 anos, que foi passar alguns dias na casa de um amigo de infância em João Pessoa, na Paraíba, teria sido morta pelo rapaz. Antes de ser brutalmente assassinada, Patrícia ligou para a avó prometendo estar com ela em seu almoço de aniversário, que aconteceria no próximo domingo, 2 de maio.
"Ela ligou para minha mãe dizendo assim 'vovó, eu vim aqui [na Paraíba] tomar banho de praia, mas domingo eu tô aí pra gente comemorar seu aniversário', porque minha mãe completa ano na sexta-feira e nós estávamos planejando de almoçar com ela no domingo, mas a verdade é que nós não teremos mais Patrícia aqui", revelou Verônica Cursino, tia da jovem, bastante emocionada.
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A jovem deveria voltar para casa na segunda-feira (26), mas os pais acharam estranho a falta de contato da jovem desde o domingo (25).
"Eu fiquei sabendo só que Patrícia tinha viajado para João Pessoa, para passar o fim de semana lá com um amigo, na praia. Fiquei um pouco preocupada, mas pensei que tudo bem, ela é jovem, 'de maior'. Quando foi na segunda, pela manhã, minha irmã ligou desesperada dizendo que desde domingo não tinha mais contato com ela, que ela estava com o celular desligado, não chegava mensagem, no maior desespero", completou a tia.
Patrícia residia em Caruaru, em uma casa localizada no bairro do Salgado. Por ter passado recentemente por uma separação, morava sozinha, mas visitava sempre que podia a casa da avó e do restante da família, na mesma cidade.
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— Jornal do Commercio (@jc_pe) April 28, 2021
O suspeito de matar a pernambucana, um tatuador de 23 anos, teria estudado com a vítima há mais de dez anos em um colégio de Caruaru e, desde que se mudou para João Pessoa, o rapaz mantinha contato com ela através das redes sociais. Segundo familiares, na época, o colega já chegou a dormir na casa da avó de Patrícia, e nunca desconfiaram de sua índole.
Agora, a família pede por justiça e por respeito à memória da jovem. Desde seu desaparecimento, muitas histórias fantasiosas começaram a aparecer nas redes sociais, deixando os entes queridos de Patrícia ainda mais abalados.
"Eu queria pedir que o pessoal parasse de julgar. Tem tanta coisa na internet, o povo julga tanto. Peço que se coloquem no lugar do outro, porque quando a gente se coloca no lugar do outro, a gente sente a dor e para de tanto criticar", pediu Vilma Cursino, também tia da vítima.
Suspeito preso
O tatuador de 23 anos suspeito de assassinar a vendedora pernambucana Patrícia Roberta Gomes da Silva, 22, que era sua amiga de infância, foi preso na noite desta terça-feira (27) em João Pessoa, na Paraíba. A informação foi confirmada pelo comandante da Polícia Militar da Paraíba, coronel Euller Chaves.
O homem foi encontrado por profissionais da Força Tática do 5ª Batalhão da Polícia Militar em uma casa no bairro Mangabeira III. Antes, a PM chegou a um amigo dele, que teria "informações importantes" a respeito do crime. De acordo com a imprensa paraibana, a motocicleta que transportou o corpo para a área de mata também foi apreendida. Mais informações sobre a prisão devem ser divulgadas nesta quarta-feira (28).
Entenda o caso
Patrícia saiu de Caruaru, no Agreste do Estado, onde mora, na última sexta-feira (23), para encontrar o amigo. Dois dias depois, no domingo (25), numa troca de mensagens de WhatsApp com a mãe, a vendedora se mostrou aflita porque estaria trancada no apartamento dele. Depois, avisou que estava tudo bem. E não mais respondeu à mãe.
Na madrugada desta terça-feira (27), vizinhos entraram em contato com a polícia para denunciar terem visto o suspeito saindo do prédio com um tonel de lixo em um carrinho de mão. Um dos vizinhos teria seguido e visto quando o tonel caiu, e desconfiou que pudesse se tratar de um corpo. Pouco depois, o suspeito é filmado por câmeras de segurança saindo de moto levando o mesmo volume estranho.
O corpo, que estava com fitas isolantes e sacos plásticos, foi encontrado a cerca de dois quilômetros do prédio onde o tatuador mora. Isso aconteceu horas após familiares da vítima procurarem a Delegacia de Homicídios de João Pessoa para registrar uma queixa de seu desaparecimento.
"Começamos as buscas em outra área, uma área muito extensa, mas informações da própria população nos chamaram a atenção em alguns detalhes e nós chegamos a esse ponto [que o corpo foi localizado]", disse o comandante do 5º BPM, coronel Barros. Não havia sinais de marca de tiros ou faca no corpo. Uma possibilidade é que a vendedora foi morta por asfixia, o que será comprovado após exames no Instituto de Medicina Legal. O corpo deve ser liberado nesta quarta para enterro, à noite, em Caruaru.
Em entrevista ao NE10 Interior, a prima de Patrícia, Karen Melo, disse que na última semana a jovem havia falado com ela pedindo ajuda para comprar uma passagem de ônibus e informou à família que iria viajar para João Pessoa. Na última mensagem trocada com a mãe, Patrícia disse que o amigo comprou as passagens para voltar com ela a Caruaru.
Desenhos macabros e caderno com nomes de mulheres
No apartamento do suspeito, a polícia encontrou fronhas de travesseiro e roupas com possíveis manchas de sangue, próximas à máquina de lavar. Além disso, cadernos com anotações, desenhos macabros e uma lista com cerca de 20 nomes de mulheres - o de Patrícia era um deles. E um altar.
"Encontramos vários manuscritos. Pedi o exame grafotécnico para saber se foi escrito pelo suspeito. Fiz isso porque o conteúdo dos escritos era bastante perturbador (...) Em algumas partes havia escrito 'eu saio à noite para matar', 'você é uma menina boa, eu sou um menino mal'. Isso são pequenos trechos de um vasto conteúdo que nós encontramos escritos", contou a perita criminal Amanda Melo.