REPRESSÃO

Pedro Eurico nega que bolsonaristas da PM tenham determinado violência em protesto no Recife para desestabilizar Paulo Câmara

Movimento de Policiais Antifascismo levantou a possibilidade de que estaria acontecendo um levante de bolsonaristas dentro da da Polícia Militar com o intuito de desestabilizar governos estaduais, o que teria sido traduzido na repressão aos manifestantes em ato no Recife

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Katarina Moraes

Publicado em 31/05/2021 às 10:28 | Atualizado em 31/05/2021 às 19:01
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O ato contra o governo Jair Bolsonaro que aconteceu no Recife no último sábado (29) ganhou os holofotes de todo o país devido à forte repressão policial contra os manifestantes. Após a ação, o Movimento de Policiais Antifascismo levantou a hipótese de que estaria acontecendo um levante de bolsonaristas dentro da Polícia Militar com o intuito de desestabilizar governos estaduais. Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (31), o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, Pedro Eurico, disse desacreditar da acusação.

“Eu não creio que isso esteja acontecendo em Pernambuco. Em primeiro lugar, porque o comandante e chefe da PM é o governador de Pernambuco, e segundo porque os coronéis e o comando têm se pautado rigorosamente pelo respeito à lei. A Polícia de Pernambuco é a que menos se envolve em conflitos com resultado em morte. Se reduz o dano. Não vejo isso acontecendo, mas, caso aconteça, evidentemente o que vai prevalecer nesse tipo de caso é o respeito às institucionalidades”, disse o secretário.

Em artigo enviado ao Blog de Jamildo, o grupo de policiais afirmou que "há uma clara tentativa de insubordinação e balbúrdia provocadas por bolsonaristas no interior das PMs para desestabilizar governos estaduais", e que é "inegável a simpatia de setores da PM a política de tiro, porrada e bomba do bolsonarismo". "A polícia não pode ser seletiva, não deve adotar posição política que antipatize determinado setor da sociedade, não pode se engajar na onda conservadora e reacionário do país, precisa proteger a todos. É política, não milícia", completou.

O adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, 29, estão internados no Hospital da Restauração com lesões nos olhos ocasionadas pelos tiros que os atingiram. Nenhum dos dois participava do protesto, apenas passavam pelo local na hora em que balas de borracha eram disparadas pela polícia. Ambos passam, nesta manhã, por avaliação clínica de especialistas da Fundação Altino Ventura (FAV). Só após as consultas os seus quadros de saúde serão divulgados pela instituição.

O chefe da pasta garantiu que as vítimas e suas famílias estão recebendo toda a assistência necessária do governo do estado, entre cuidados da saúde física e mental, e que foi decidido fazer “uma reparação indenizatória”. “Além da questão da saúde, coloquei o Centro de Atenção e Valorização à vida à disposição das famílias, com psicólogos e assistentes sociais para assisti-las”, afirmou Eurico.

O secretário recebeu, nesta manhã, a família de Jonas Correia, que saiu revoltada da reunião. Segundo ela, o governo não está dando a assistência necessária para a vítima. A esposa do arrumador, Daniela Rocha, contou que os remédios prescritos por oftalmologistas da FAV teriam sido comprados pela própria família.

Ela disse que Jonas havia largado do trabalho quando se deparou com o protesto e parou para filmar e mostrar à família. O irmão do jovem afirma que os médicos disseram que seria difícil recuperar a visão dele, e pede justiça.

Além dos dois feridos nos olhos, outras pessoas também foram atingidas por balas de borracha. É o caso do advogado Roberto Leandro, que foi machucado nas costas e na perna. De acordo com ele, a polícia parecia saber do trajeto dos manifestantes com antecedência.

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